quarta-feira, 2 de maio de 2007

Comida di Buteco cria cadeia produtiva de fornecedores e empregos

O Comida di Buteco é bem mais que um evento gastronômico para eleger o melhor tira-gosto da capital mineira. Nos bastidores dessa competição, realizada em Belo Horizonte desde 1999 e que ganhou projeção nacional nos últimos anos, formou-se uma verdadeira cadeia produtiva que envolve centenas de fornecedores e gera milhares de empregos. “Só nos 41 bares participantes este ano, pelo menos 300 empregos diretos estão sendo criados”, assegura o gastrônomo Eduardo Maya, idealizador do Comida di Buteco. “No total, são mais de mil pessoas trabalhando no evento, incluindo a Festa da Saideira, que elege o melhor petisco”, afirma.

Ainda não existe um levantamento com os números do evento, mas quem participa comemora os resultados. A cozinheira Terezinha Maria Alves Stehling, que faz pastel de angu em Itabirito há 10 anos, fornece o petisco para o Bar Temático há nove e revela que o Comida di Buteco representa um aumento significativo na sua renda. “Em uma semana, vendemos 10 mil pastéis. Acho que vai passar dos 40 mil até o fim da competição”, comemora a cozinheira, que afirma que os pedidos dos consumidores sempre se multiplicam depois do evento. Velder Nazarro, sócio do Temático, sente no balcão os efeitos no Comida di Buteco. “O faturamento aumenta cerca de 80% no período. Outra vantagem é que vem gente de todo lugar que, pela distância, não viria se não fosse o evento”, ressalta. Em vez de contratar pessoal extra, seus funcionários preferiram dobrar a jornada. O tira-gosto concorrente também tem lingüiça do Serro, carne-de- sol de Inhaúma, torresmo de Prados e queijo de Feira de Santana (PE).

O frigorífico Montalvânia fornece fígado bovino para o Casa Cheia, miolo de alcatra para o Bar do Luizinho e maminha de alcatra para o Bar do Doca. “Para os três juntos, vendo 320 quilos por dia, três a quatro vezes por semana”, informa Pedro Edson Menezes Viana, dono do frigorífico, que tem aumento de pelo menos 10% com o evento. Para Ilmar Antônio de Jesus, sócio do Casa Cheia, que participa do Comida di Buteco desde 2002, o evento mudou até o perfil do cliente. “Recebemos muito pessoal de fora, principalmente paulistas e cariocas, que vêm em caravanas”, revela Ilmar, que contratou seis funcionários extras e comemora um aumento de 30% nas vendas.

Para Miguel Murta de Almeida, dono do Via Cristina, o Comida di Buteco foi a sua salvação. Ele ia fechar as portas, quando foi chamado para participar do evento, em 2004. “Concorremos com o torresmo na brasa e espetinho de mandioca. As vendas saltaram de 20 quilos para 500 quilos por semana durante o evento e até hoje vendemos 200 quilos por semana desse petisco”, revela. Quem fornece o torresmo para o bar é o Frigozezão, que ganhou um cliente fiel. Para o prato deste ano, um pastel de mandioca com recheio de carne-de-sol, a picanha com maminha vêm do Mato Grosso.

A cadeia do Comida di Buteco não pára por aí. Os aventais e camisetas foram produzidos pela Oficina da Camiseta, em volumes 40% maiores que 2006, segundo a sócia Cidinha Campos. A Plano Propaganda fez mil bonés para o evento e a gráfica Alvo foi responsável pelos guias dos bares, jogos americanos, bandeirolas, fichas de votação e porta-copos. “Foram cerca de 350 mil peças. Além de 10% de aumento no faturamento, estamos tendo muita encomenda de trabalho por causa desse material”, afirma o vendedor Humberto Braga.

A Bohemia, cerveja oficial do circuito, revela um aumento de 50% nas vendas durante o evento. “O principal é a associação da marca àquilo que há de melhor. Por isso, levamos a competição para São Paulo com o nome de Buteco Bohemia, que também estará em Curitiba este ano”, ressalta Cristiano Schenardi, gerente de Marketing de Bohemia. A TIM, patrocinadora do evento em Minas há cinco anos, expõe sua marca e oferece serviços voltados para a competição. A Nadir Figueiredo está fornecendo 65 mil copos americanos e 18 mil de cachaça personalizados, segundo o coordenador de comunicação Rodrigo Caldas.

Quem não participa do Comida di Buteco, lamenta. Segundo Ivo Faria, dono do restaurante Vecchio Sogno, a queda no movimento é de, pelo menos, 10%. “Até quem não tem costume de freqüentar bares quer participar”, diz. Pesquisa do Vox Populi revela que 71% dos freqüentadores do Comida di Buteco têm curso superior, 33% ganham de 10 a 20 salários mínimos e 23% ganham acima desse patamar – perfil de consumidor semelhante ao do Vecchio Sogno.

Por Karla Mendes - Estado de Minas (foto: Marcos Vieira/EM)

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