quinta-feira, 10 de maio de 2007

Paraty é sinônimo de boa cachaça para apreciadores

No município do Rio, cahaça é produzida há mais de três séculos e movimentou a economia da região no tempo do Brasil Colônia

Cantada em verso e prosa, como no samba de Assis Valente (1935), interpretado por Carmem Miranda - “Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí. Em vez de tomar chá com torrada, ele bebeu parati”, a pinga de Paraty - cidade que para muitos apreciadores e historiadores é sinônimo de cachaça - é fabricada há mais de três séculos, uma atividade que movimentou a economia no tempo do Brasil Colônia.

A partir de agora, o substantivo paraty servirá para identificar toda a cachaça fabricada no município de mesmo nome, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Os alambiques da cidade acabam de ganhar o certificado de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), na modalidade Indicação de Procedência. O selo foi lançado no Rio de Janeiro, na noite da terça-feira (8), na Cachaçaria Mangue Seco, no Pólo Histórico, Cultural e Gastronômico do Novo Rio Antigo, na Lapa.

A cidade produz os mais diferentes tipos da mais autêntica bebida artesanal do país. A tradição é o principal componente do sucesso que a cachaça paratiense faz no Brasil. A bebiba é produzida nos mais variados sabores, como a prata (a famosa branquinha, armazenada em tonel de amendoim ou jequitibá rosa); a ouro (armazenada em barril de carvalho) e a azuladinha (que utiliza folhas de tangerina no processo de destilação). Essa última chegou a ser premiada em concurso no ano de 1908 no Rio de Janeiro como a melhor cachaça do Brasil.

Bebidas mistas típicas dos alambiques de Paraty, como a caramelada (composto de aguardente com melado de cana-de-açúcar) e a gabriela (com extrato de canela e/ou cravo), além dos licores de diversos sabores (morango, limão, abóbora e chocolate, por exemplo), também caíram no gosto dos apreciadores ao longo dos últimos anos.

Mas especialistas advertem para a diferença entre cachaça e aguardente, que chega a ser estabelecida por meio de um decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A cachaça é exclusivamente derivada da cana-de-açúcar e possui de 39% a 45% de volume de álcool em sua composição. Já a aguardente pode ser mais forte, de 38% a 54%, e deriva da destilação do caldo de vegetais (frutas, cereais, grãos etc). No caso de Paraty, segundo especialistas, só existe cachaça. Ou melhor, pinga. E da pura.

(Por Rosayne Macedo/Ag. Sebrae - Foto: Denise Menchen/Terra)

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