quinta-feira, 31 de maio de 2007

Profissão de enólogo é regulamentada

Brasília - Uma lei publicada hoje (30) no Diário Oficial da União regulamenta a profissão de enólogo no Brasil. Entre as atribuições do enólogo, estão a análise das caractéricas químicas e sanitárias das uvas e a orientação aos vinicultores do aproveitamento das variedades de uvas para elaboração de vinhos de melhor qualidade. Poderão exercer a profissão de enólogo ou de técnico em enologia quem tem diploma de nível superior ou médio em enologia expedido no Brasil ou em escolas estrangeiras. A lei deverá ser regulamentada no prazo de 90 dias pelo Poder Executivo. (Agência Brasil)

O vinho se transforma no rei do supermercado

Como a bebida deixou de ser um produto restrito às elites para entrar na casa da classe média brasileira

terça-feira, 29 de maio de 2007

A bebida preferida de Hemingway

Criado em Cuba, o daiquiri foi apresentado ao mundo pelo escritor

O daiquiri nasceu à beira-mar, mais precisamente na costa da província oriental de Cuba, na praia homônima. Sua criação é atribuída ao engenheiro Jennings Cox, chefe das tropas americanas que desembarcaram na região por volta de 1898.

'Dizem que os integrantes das tropas criaram a canchánchara, bebida tradicional de Cuba feita com rum e mel, e que foi a partir dela que Cox criou o daiquiri', contou, por telefone, Katiuska Criado, do El Floridita, bar cubano considerado o 'berço' do drinque. 'Foi o bartender Constante Ribalagua quem trouxe a bebida para Havana. Ele servia Ernest Hemingway quando ele vinha ao El Floridita', complementa.

Hemingway difundiu e imortalizou o drinque, que leva em sua receita original 1 dose de rum prata, suco de 1/2 limão e 1 colher rasa (de sobremesa) de açúcar, batidos na coqueteleira com algumas pedras de gelo. Apesar de gostar da receita original, vez ou outra o escritor pedia para acrescentar um toque de maraschino, licor de cereja suave que deixa a bebida levemente mais adocicada.

Com o surgimento do mixer, Constante Ribalagua criou a versão frozen, e também passou a fazer o daiquiri em outros sabores, como morango, menta e manga. 'As outras versões são mais refrescantes', diz Hernani Nitolo, tricampeão da Associação Brasileira de Barmen, responsável pelos drinques do Corleonne. Hernani prepara o drinque também com banana e cranberry. 'Fica uma delícia', garante.

Para dar uma cor à bebida, o barman Israel Francisco da Silva, do Dona Flor, acrescenta algumas gotas de groselha no fundo do copo. 'No exterior, eles costumam colocar grenadine (xarope de romã), mas como ele não é encontrado tão facilmente por aqui, uso a groselha', justifica. O resultado, nas palavras de Silva, é uma bebida suave, que agrada a todos, principalmente as mulheres.

No divã do barman

Quem bebe o daiquiri?
'Homens e mulheres. Mas elas preferem o frozen e as versões feitas com outras frutas, que são mais delicadas', diz o bartender Hernani Nitolo.

Para que ocasião você recomenda o drinque?
'Quem escolhe o daiquiri geralmente sabe o que está pedindo, conhece o assunto. Em um encontro, a escolha pode impressionar. Ele também é ideal antes do jantar, como aperitivo', sugere Nitolo.

(Por Michelle Alves de Lima - OESP)

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Cervejarias se acusam por consumo abusivo

Empresas trocam denúncias e afirmam que campanha alheia é antiética e incentiva uso exagerado de bebida alcoólica.
Para psiquiatra, briga revela que fabricantes consideram que publicidade de cerveja provoca grande impacto sobre volume consumido


Todas são pedra e todas são vidraça na guerra travada pelas grandes cervejarias no balcão de reclamações do Conar (Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária).
Na troca de denúncias, fabricantes de marcas como Skol, Nova Schin e Kaiser se acusam por fazer campanhas "antiéticas" que incentivam o "consumo irresponsável" e "exagerado" de cerveja.

As queixas contradizem o Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja), que critica a restrição da publicidade do produto imposta pela Política Nacional sobre Bebidas Alcoólicas, lançada na quarta-feira pelo presidente Lula. O sindicato argumenta que a propaganda de cerveja só define o tamanho das fatias do mercado, sem aumentar o bolo, ou seja, a quantidade de litros vendidos.
A AmBev fez o maior número de denúncias no Conar contra as concorrentes nos últimos meses. Fabricante da Brahma -da campanha "Zeca-feira", que "cria" mais uma sexta-feira na quarta para "happy hour" com o produto-, a empresa considerou que uma peça de propaganda da marca Nova Schin "induz ao consumo abusivo de cerveja".
Suspenso após a denúncia da AmBev, o anúncio veiculado trazia a frase "Nova Schin - Os dermatologistas recomendam não tomar sol entre as 10h e as 16h [Não saia do bar. São ordens médicas]".

Em outra reclamação, a mesma AmBev disse que uma promoção da Kaiser ("Bote no cofrinho do Pânico") tinha "apelo ao consumo, uma vez que incentivava o público a tomar cerveja para juntar tampinhas e participar da promoção". A campanha foi feita em associação com o humorístico "Pânico na TV", exibido pela RedeTV.
Já a Kaiser denunciou a AmBev pela campanha do Boteco Bohemia, festival anual de gastronomia, com shows de música, que elege o melhor quitute de boteco da cidade, "por incentivar o consumo exagerado de bebidas".

Para o psiquiatria João Carlos Dias, do Departamento de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria, "a briga mostra como as cervejarias estão erradas ao dizer que a publicidade aumenta a participação no mercado e não o volume consumido. Ao trocar essas acusações nos bastidores, elas acabam concordando com as nossas alegações de que a publicidade de cerveja tem grande impacto sobre o consumo".
Sérgio Ramos, presidente da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas), também critica as empresas. "Todas as cervejarias têm razão nas denúncias: a propaganda incentiva o consumo abusivo", diz. "Não sei se as louraças que infestam as propagandas não conseguem excitar o público masculino, especialmente os adolescentes. Deixar o Conar, órgão de publicidade, tomando conta disso é deixar a raposa cuidando do galinheiro", afirma Ramos.

Gilberto Leifert, presidente do Conar, não quis comentar o assunto. A assessoria de imprensa do conselho diz apenas que a troca de acusações entre concorrentes faz parte da rotina do órgão e que são mais comuns, por exemplo, na área de telefonia do que na de bebidas alcoólicas.

Criado em 1980, o Conar é financiado pela contribuição de agências de publicidade, veículos de comunicação e anunciantes. O órgão julga denúncias oferecidas por cidadãos, empresas associadas ou por seus técnicos, que monitoram a adequação dos anúncios às regras do mercado.

Apelo sexual

A Schincariol, fabricante da Nova Schin -que exibe comerciais estrelados pela cantora Ivete Sangalo com as pernas de fora-, acusou a Skol (AmBev) por propaganda em que, segundo a queixa relatada pelo Conar, "insinua êxito sexual após o consumo de cerveja e contém elevado grau de erotismo". A peça em questão, intitulada "Bingo", é protagonizada por um grupo de idosos, que, com as latinhas de cerveja na mão, dançam e paqueram.

A Folha procurou as assessorias de imprensa da Kaiser, da AmBev e da Schincariol. Apenas a primeira respondeu. "Não existe troca de acusações, apenas pedidos de ajustes das peças publicitárias", diz a resposta da Kaiser.
(Daniel Bergamasco - Folha de S.Paulo)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

No Mercadão Floresta, a biodiversidade brasileira

Durante dez dias, serão vendidos produtos de diversas regiões. Chefs vão dar aulas e testar ingredientes

Os produtos ao lado são uma pequena amostra do que o consumidor encontrará, a partir de hoje, no Mercadão Floresta, evento organizado pela ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, que segue até o dia 3 de junho, no Mercado Municipal de São Paulo, das 8 às 17 horas. O objetivo do evento, além de promover e vender produtos dos diferentes biomas brasileiros, como Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pampa, é testar o mercado de varejo. 'Vamos observar a aceitação das pessoas e o quanto elas incluiriam esses alimentos no seu dia-a-dia', explica Roberto Smeraldi, diretor da entidade. 'A partir dessa análise, a Prefeitura de São Paulo deve criar um modelo de entreposto para comercializar esses produtos na cidade, de forma permanente.' O creme e o azeite de castanha-do-Pará, feitos no Mato Grosso, o mel de abelhas indígenas sem ferrão, da Amazônia, o café Ghini Certificado, de Itu (SP), e a farinha de mandioca, do Acre, estarão ao lado de tantos outros produtos, como baru, vinagre de mel, pirarucu, tambaqui, feijão azuki, cagaita, pequi, farinha de mandioca, geléias, polpas e sorvetes de frutos nativos como cupuaçu, taperebá e muruci. A feira, instalada no Salão de Eventos, terá ainda artigos de mobiliário, cosmética e artesanato.

Chefs de cozinham também marcam presença no Mercadão. Batizados de 'alquimistas da floresta', eles vão realizar aulas, palestras e degustações com os ingredientes, no Espaço Gourmet, no mezanino. O chef José Barattino, do Emiliano, por exemplo, vai mostrar a versatilidade do queijo Serra da Canastra, em uma entrada que leva sorvete, musse e tortinha quente à base do queijo. A aula, com vagas limitadas, será segunda-feira, das 15 às 17 horas. A chef Lucia Sequerra, do Santa Madalena, usará derivados de castanha-do-Pará, frutas como cajá e cupuaçu, mel de engenho e queijo de coalho, durante sua apresentação, na quarta, das 10 às 12 horas. A programação inclui ainda nomes como os chefs Mara Salles, Paulo Martins e Fabrice Lenud, entre outros. Confira a agenda completa e receitas no portal do Estadão. Outras informações pelo tel. 3887-9369. (OESP)

quinta-feira, 24 de maio de 2007

O tira-gosto campeão do 'Comida di Buteco'

Depois de 31 dias - e de muitos petiscos - saiu no domingo o resultado do Comida di Buteco 2007. Na disputa, 41 bares da capital mineira, que criaram tira-gostos exclusivos, analisados por jurados e freqüentadores, que levaram em conta também a temperatura da cerveja, a higiene e o atendimento.


O grande campeão foi o 'come-quieto' (cabeça de lombo com creme de legumes, molho de abacaxi com hortelã e batatas), do Bar do Véio. Em segundo lugar, ficaram a 'língua ao molho da casa', do Bar do João, e o 'poesia mineira' (quiabo na manteiga com polenta frita e panceta), do Agosto butiquim.

Em terceiro lugar, também empatados, 'costela real' (costela de boi, mandioca e lingüiça) e o 'PF a Palito' (bolinho de arroz com feijão, carne de panela, ovo de codorna, cenoura e tomate) do Bar do Zezé e do Kõebes. O recém-lançado livro Comida di Buteco (Ed. Autêntica, R$ 24,90) reúne perfis dos 41 bares que disputaram o prêmio.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Prefeitura coreana premiava funcionário que se embebedasse no boteco

Imagine se a moda pega por aqui...
Idéia era ouvir o que o povo de bares e restaurantes tinham a dizer. Servidor que ganhou viagem foi pego dirigindo embriagado.

A prefeitura da cidade de Koesan, na Coréia do Sul, decidiu cancelar a campanha de premiação a funcionários que saíssem para "tomar todas" com o povo. O nome da ação é algo como "Prêmio Bebendo Cultura". Choveram reclamações da população dizendo que isso promovia a farra e a bebedeira entre empregados municipais.

Um servidor municipal -- que pediu para não ser identificado -- disse que o público não entendeu a intenção da campanha, que era reconhecer a iniciativa de trabalhadores do governo que fossem a bares e restaurantes ouvir o que os cidadãos tinham a dizer.

"Acho que foi erro nosso se a proposta foi mal interpretada", disse ele.

O prêmio, que incluía passagens para a ilha turística de Cheju, foi dado pela primeira vez este mês a três felizardos. Um deles, segundo a imprensa local, teve a carteira de motorista cassada em 2005 por dirigir bêbado.

A prefeitura de Koesan, que fica a 100 km a sudeste de Seul, informou que vai continuar valorizando os profissionais do governo que trabalharem junto à comunidade -- mas, agora, nada de birita. (G1)

terça-feira, 22 de maio de 2007

Sanduíche de pernil na Virada Cultural

Por João Sayad

A política cultural não pode pretender incentivar o bom gosto definido pela "elite branca" da academia. Ou por saudosistas da arte regional

"NÃO PRECISA de ficha no caixa. Podem pegar os refrigerantes ali na geladeira de vidro." O bar na esquina da Major Quedinho serve o melhor sanduíche de pernil em São Paulo. A fome era grande, mas eu não queria entrar: estava apinhado de gente, por causa da Virada Cultural. Imaginei fila no caixa, espera no balcão. Surpresa: fizemos o pedido a um garçom exausto e gozador. O sanduíche veio rápido, repetimos e pagamos ali mesmo, na rua.

Nas padarias e bares do Brasil, os garçons parecem animadores culturais. Têm uma palavra diferente para cada freguês, o serviço é rápido, diferenciado (pão com manteiga na chapa -prensado ou não?).

Na Starbucks (café), são filas imensas. Atrás do caixa, uma moça negra luta com o computador, pede ajuda à supervisora, que olha espantada para o teclado. Depois, você pega um café aguado, muito quente, queima a mão e vai pôr açúcar e pegar uma colherzinha de plástico num balcão melado de café e açúcar. Custa uma fortuna.
No McDonald's, os atendentes fizeram curso para atendimento rápido e delicado, mas é coisa forçada e você tem que ficar na fila. Depois, come sanduíche carregado de gordura trans e senta numa mesa pequena e incômoda. McDonald's e Starbucks valem fortunas na Bolsa.

Os brasileiros mais jovens preferem fast food às coxinhas, empadas, churrasquinhos e mistos-quentes das padarias sempre próximas. Aprenderam a gostar, desde os anos 90, quando o Brasil começou a se "modernizar". Foram seduzidos pelas instalações modernas, pela novidade e pelo que viam nos filmes e na televisão.
Culinária não é arte. Mas a mesma coisa acontece no mundo da arte. A indústria cultural -o filme de entretenimento, a novela da televisão, o "reality show"- ganha o espaço da música erudita, da música popular, do teatro de texto ou de criação coletiva, das congadas e do balé.

Gosto é gosto, e a política cultural não pode ter a pretensão de incentivar o bom gosto definido pela "elite branca" da academia ou dos museus. Ou pelos saudosistas do folclore e da arte regional. A política cultural deve apenas abrir espaço para todas as formas de arte que precisam de apoio -porque não dão lucro, porque não têm cacife para publicidade ou porque não conseguem furar a barreira da moda, o gosto da maioria.

Se fast food fosse uma forma de arte e a moda fosse o pão com manteiga, a política cultural deveria dar incentivo fiscal para o café aguado em copo de papel da Starbucks. Se não existisse legenda e o filme americano não fosse o gosto da maioria, a Lei Rouanet deveria financiar as legendas.

Há duas semanas, São Paulo passou a noite acordada na Virada Cultural promovida pela Prefeitura de São Paulo. Piano e muitos pianistas na praça Dom José Gaspar. Balé clássico e contemporâneo no vale do Anhangabaú. Música jovem, com luz estroboscópica no centro velho. Malabaristas no prédio da Light. E uma fila de dois quilômetros para entrar no Teatro Municipal.

No final de semana passado, o governo do Estado, com as prefeituras e o Sesc, fez uma virada em dez cidades do interior. Que ouviram a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), Beth Carvalho, o violonista Yamandu, o teatro Mágico, Arnaldo Antunes, o balé de São José. Foram 300 espetáculos. Teatros municipais ficaram cheios, as praças ficaram apinhadas de gente. Duzentas mil pessoas passaram a noite acordadas e continuaram na rua até as 18h de domingo. Tomaram posse da cidade e viram ou ouviram o que não costumam ver ou ouvir. Centenas de artistas viajaram de cá para lá e de lá para cá, exibindo-se para novas platéias. O centro foi para a periferia; a periferia, para o centro; a capital, para o interior; o erudito, para a rua; o popular, para o teatro municipal.

Fim de semana de arte, uma forma nova de ler o mundo, a vizinhança, as ansiedades e os desejos que nos movem durante a semana.

Fim de semana civilizado, onde todos se encontram na rua, sem medo, andando para lá e para cá, como nos quadros e fotos de cidades no início do século passado, quando havia poucos carros, as ruas pertenciam às pessoas e os crimes eram passionais. Civilizado pelo clima de confiança, não era necessário fazer fila no caixa.
Um prazer desconhecido para os cidadãos motorizados em carros de vidro fechado, modernos e apavorados. Uma oportunidade para centenas de artistas. Deu certo. No ano que vem, vamos fazer de novo.

JOÃO SAYAD, 61, doutor em economia pela Universidade Yale (EUA) e professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, é secretário da Cultura do Estado de São Paulo. Foi secretário de Finanças e Desenvolvimento da prefeitura de São Paulo (gestão Marta Suplicy), secretário da Fazenda do Estado de São Paulo (governo Montoro) e ministro do Planejamento (governo Sarney). (Folha de S.Paulo)

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Dia da Cachaça

Não é desculpa de bêbado. Hoje, dia 21 de maio é mesmo o Dia da Cachaça, instituído por uma lei estadual de Minas Gerais. A data marca o início da safra da cana-de-açúcar no Estado que é referência entre apreciadores de boas aguardentes (Guia da Folha). Mas há boas novidades em outras regiões do país, como na cidade de Morretes/PR. Acompanhe a matéria publicada na Gazeta Mercantil.

Cachaça 100% orgânica ganha o mundo

Em Morretes, a cachaça é um "substantivo feminino". Essa é outra descoberta da jornalista Teresa Urban e do fotógrafo Nego Miranda, que dedicaram um capítulo do livro para contar os vínculos da cidade com a aguardente de cana-de-açúcar, desde 1700, quando a atividade começou a ser explorada na região.

Dos engenhos em atividade - a maioria fechou as portas na década de 1970 -, quatro são dirigidos por mulheres, inclusive o Porto Morretes, o mais recente e de alta tecnologia. "Antigamente, mulher não chegava perto dos alambiques para não talhar o caldo e azedar a pinga, pois acreditavam que os hormônios femininos estragavam a cachaça", conta Miranda, que se declara, sem o constrangimento usual dos bebedores de cachaça, um apreciador do produto.

No passado, a cidade era uma referência tão forte na produção da bebida que tomar uma "morretiana" virou sinônimo de beber cachaça, conforme o dicionário Aurélio. Em Morretes, a produção inicialmente esteve nas mãos dos imigrantes italianos e esteve associada à expansão dos engenhos de açúcar, a partir do século dezesseis.
Os poucos engenhos que sobreviveram aos últimos cem anos continuam sendo um dos fortes apelos aos cerca de 120 mil turistas que passam por Morretes ao ano. Os visitantes que apreciam o produto poderão provar não apenas as várias marcas artesanais fabricadas nos pequenos alambiques locais - alguns também dedicados à aguardente de banana -, mas também encontrarão uma versão orgânica. Esta é fruto de novos investimentos realizados na cidade por conta da evolução do ecoturismo, atividade que também atraiu várias pousadas e restaurantes.

A Porto Morrete, em breve, começará a ser exportada

Da junção do tradicional com o novo, que se fundem na economia da cidade, nasceu a cachaça orgânica Porto Morretes, fabricada em um engenho construído no pé da Serra do Mar e que em breve começará a ser exportada para vários países, dentre eles Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Chile e Japão. "Nossa idéia é resgatar Morretes como expoente na produção de cachaça", enfatiza Luiz Guareschi, um dos proprietários. Em 2003, ele e seu sócio, o também engenheiro Fulgêncio Torres, deixaram suas carreiras estáveis de executivos da Volvo, em Curitiba, para tentar a sorte com a produção de cachaça orgânica.

Os alambiques têm capacidade para fabricar até 100 mil litros da bebida

Embora tenha capacidade para produzir 100 mil litros de cachaça ao ano, atualmente a Porto Morretes limita-se à metade. Os planos são chegar a 200 mil litros ao ano daqui a no máximo cinco anos. Dessa produção total, a meta é vender 50% no mercado interno e exportar o restante. O alvo é justamente o público exigente que não tem medo de assumir que gosta tanto de uma boa cachaça quanto um uísque doze anos, sublinha Guareschi.

A empresa aposta na certificação de produto 100% orgânico como diferencial. Além dos certificados de produto orgânico, emitidos pela Ecocert Internacional para os mercados brasileiro, europeu e dos Estados Unidos, a Porto Morretes também foi considerada como apta para consumo pelas comunidades judaicas. Aprovada pelo grupo de rabinos encarregado de verificar os alimentos adequados para consumo dentro das normas religiosas, a Porto Morretes é a única cachaça, dentre as doze marcas orgânicas existentes no País, escolhida para compor a lista de mercadorias "kosher".
(10.05.07 - Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 10)(L.L.)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

O filme, servido à mesa dos cinéfilos

Em Porto Alegre, fãs das artes culinárias e cinematrográficas criaram as 'sessões-almoços'

Mesmo sendo o protagonista de Um Bom Ano, Russell Crowe será ofuscado nesta sessão especial, às 11h deste sábado (19), no Santander Cultural de Porto Alegre. A estrela será a clássica comida da região de Provence, onde se passa a maior parte do filme. A exibição faz parte do projeto Mesa de Cinema, que começou no início de 2005, quando um grupo de jornalistas glutões assistiu ao longa A Festa de Babette. 'Ficamos com vontade de comer o filme. Quando fui procurar clássica receita cailles au sarcophage, acabei descobrindo outras obras nas quais a gastronomia era a estrela, e assim surgiu o Mesa de Cinema ', conta Rejane Martins, idealizadora do evento.

Os encontros do Mesa de Cinema são mensais, e o foco é sempre a comida exibida na telona. 'Convidamos um chef e ele busca os elementos no filme necessários para elaborar o menu', explica Rejane. Antes da sessão começar, é servido um coquetel. Após a exibição do filme tem um debate, seguido pelo tão esperado almoço.

O chef Gérard Durand, do restaurante Le Bateau Ivre, em Porto Alegre, fará o cardápio inspirado em Um Bom Ano. 'Foi fácil escolher os pratos, pois nasci na Provence', conta Durand, que servirá pressée (prensado) de legumes ao vinagrete, cozido de carne marinada e creme ao perfume de tomilho. O ingresso custa R$ 75 e pode ser comprado por telefone: (51) 3331-7684 e 3227-8322. A próxima sessão será no dia 16 de junho, com o filme Como Água para Chocolate.

PARA COMER APÓS O FILME
Pressée de legumes
6 a 8 porções
1 hora
médio

Ingredientes: 2 abobrinhas; 2 berinjelas; azeite de oliva; 200g de tapenade; tomates confitados; 8 tomates italianos; 2 dentes de alho; 1 folha de louro; 2 ramos de tomilho; ervas e verduras frescas; ½ repolho chinês; 2 rúculas; 2 maços de espinafre; 1 maço de salsa; ½ maço de coentro; ½ maço de manjericão. Vinagrete:
2 col. (sopa) de azeite de oliva; 2 col. (sopa) de vinagre balsâmico.

Preparo: Lave os legumes, as ervas e as verduras. Fatie a berinjela e as abobrinhas em lascas finas, refogue por cinco a seis minutos, deixando-as ainda firmes. Descasque os tomates, corte-os ao meio e retire as sementes. Confite em uma frigideira com alho, louro e tomilho. Reserve. Fatie e refogue rapidamente as ervas e as verduras em uma frigideira com azeite de oliva. Tempere com sal e pimenta. Forre uma fôrma com filme PVC e faça a montagem da pressée, camada por camada, nesta ordem: abobrinhas, berinjelas, tomates confitados, ervas e verduras frescas, tapenade. Repita até completar a fôrma. Refrigere por 12 horas. Para servir: Retire a prensada da fôrma e coloque sobre um prato. Disponha o vinagrete em volta.
Calorias: 100 kcal (a porção)

(Por Michelle Alves de Lima - OESP)

terça-feira, 15 de maio de 2007

Temperatura máxima

Cozinhar milhares de pessoas em vinho a temperaturas superiores a 40 graus só poderia mesmo acabar em protestos e confusões. Quem foi à 11ª Expovinis sentiu na pele os efeitos do aquecimento global, provocado, no caso, não por desmates ou gases poluentes, mas pela ausência de climatização e arejamento no pavilhão da Bienal, a sede do evento. O lugar virou uma fornalha, comprometendo o que se anunciava como a principal feira latino-americana da vinicultura. Nos estandes, visitantes encharcados de suor pediam água gelada em vez de vinho. O que compensou foi a presença de mais de duas centenas de produtores representando as principais regiões vitivinícolas do planeta. Muitos trouxeram ótimas novidades. E uma comissão de especialistas elegeu os dez melhores rótulos da feira, coroando, entre os tintos europeus, o Vosne Romanée 2003 de Bouchard Pere & Fils.

O pavilhão da Bienal, no Ibirapuera, definitivamente não dá para eventos assim. Projeto do arquiteto Oscar Niemayer, construído há cerca de 50 anos, o prédio implora por reformas. O estacionamento é diminuto, faltam banheiros e elevadores, não há conservação. O problema maior, contudo, foi a ausência de uma central de climatização. Cada estande instalou seus próprios aparelhos, que lançavam o ar aquecido aos corredores e logo o recebiam de volta pelas portas de acesso. O calor excessivo criou um ambiente impróprio: vinhos costumam ser cruéis quando fora da temperatura adequada. A frustração foi maior entre os produtores que vieram de países distantes.

Nos últimos anos, a Expovinis vinha ocupando as instalações do ITM Expo. Os organizadores justificaram a mudança por ser o Ibirapuera “mais central e espaçoso”. Reconheceram, porém, o erro. “Não conseguimos vencer as dificuldades técnicas criadas por um pavilhão tão antigo e inserido em área pública sobre o qual não tínhamos controle”. Muitos expositores não se convenceram, argumentando que, na verdade, o espaço foi escolhido em razão do menor preço do aluguel. A próxima feira terá, certamente, de redobrar os cuidados com o planejamento. Apesar de tudo, o número de visitantes superou o do ano passado. Foram 21 mil, entre profissionais da área e consumidores.

O crescimento da vinicultura nacional se evidenciou nesta Expovinis. Além de regiões mais conhecidas, como a Serra Gaúcha e o Vale do São Francisco, tomaram corpo a campanha riograndense e a área serrana de Santa Catarina. Os produtores catarinenses apostam nos chamados vinhos de altitude. Uma das bodegas, a Vila Francioni, teve seu Chardonnay da safra 2006 listado entre os dez melhores. A campanha mostra-se promissora em tintos consistentes e equilibrados, como os levados pela casa Cordilheira de Santana. As grandes vinícolas estão investindo firme por lá. A Miolo, por exemplo, já plantou 120 hectares de parreiras na Fortaleza do Seival e concluiu instalações que vinificarão até quatro milhões de litros.

Portugal veio forte. Caves Messias, Herdade do Esporão, José Maria Fonseca, Quinta da Aveleda e Quinta da Bacalhoa estavam na linha de frente. O alentejano Herdade dos Grous 2004 classificou-se entre os dez melhores. E não faltaram os vinhos fortificados da Ilha da Madeira, estilo que vem empolgando o mercado. O Justino Colheita 1995 é, sem dúvida, um campeão. Duas novidades: da África do Sul, a Raka, cujos vinhedos se localizam na mais fria região do Cabo, originando os tintos Figurehead 2004 e o Quinary 2003, à base de castas francesas; do Uruguai, a Bouza, pequena vinícola que produz o excelente Monte Vide Eu, mescla das castas Tannat, Merlot e Tempranillo. Acostumado às mega-vinícolas chilenas, o público se surpreendeu com a Gillmore. Produz pouco, apenas 25 mil garrafas. Seu Gillmore Cabernet Franc Reserva 2003 é elegante, refinado, com aromas de cassis e longo final. Também a vinicultura francesa mostrou um lado pouco conhecido, os Malbecs da região de Cahors, da Vins de France, vinhos acessíveis no preço. O rótulo básico da linha custa R$ 35. A sede do importador, Christian Mathieu, fica em Curitiba.

Foram eleitos como melhores da feira – além dos já citados – o rosado Château Pourcieux 2006, da Provence; o Château Doisy Daëne 2002, vinho de sobremesa de Sauternes; o William Cole Sauvignon Blanc 2006, de Casablanca, no Chile; o espumante Vértice Super Reserva Bruto 2000, de Portugal; o Salton Desejo Merlot 2004, de Bento Gonçalves; o Château Haut Bacalan 2003, de Bordeaux; e o The Octavius Shiraz 2001, da Austrália.

(Por Luiz Carlos Zanoni - lczanoni@sulbbs.com.br)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Só amadores

O veterano humorista Jaguar é totalmente contra a restrição de propaganda de cerveja na televisão e em outros meios de comunicação: “Não bebo por causa da propaganda. É proibido proibir. O problema é que a rapaziada passa a semana na Coca-Cola e enche a cara na boate, no fim de semana. É coisa de amador, não de profissionais como eu. E a propaganda só influencia amadores, que acham que as mulheres lindas dão para os caras que bebem”.

(Giba Um – DCI)

sexta-feira, 11 de maio de 2007

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Paraty é sinônimo de boa cachaça para apreciadores

No município do Rio, cahaça é produzida há mais de três séculos e movimentou a economia da região no tempo do Brasil Colônia

Cantada em verso e prosa, como no samba de Assis Valente (1935), interpretado por Carmem Miranda - “Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí. Em vez de tomar chá com torrada, ele bebeu parati”, a pinga de Paraty - cidade que para muitos apreciadores e historiadores é sinônimo de cachaça - é fabricada há mais de três séculos, uma atividade que movimentou a economia no tempo do Brasil Colônia.

A partir de agora, o substantivo paraty servirá para identificar toda a cachaça fabricada no município de mesmo nome, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Os alambiques da cidade acabam de ganhar o certificado de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), na modalidade Indicação de Procedência. O selo foi lançado no Rio de Janeiro, na noite da terça-feira (8), na Cachaçaria Mangue Seco, no Pólo Histórico, Cultural e Gastronômico do Novo Rio Antigo, na Lapa.

A cidade produz os mais diferentes tipos da mais autêntica bebida artesanal do país. A tradição é o principal componente do sucesso que a cachaça paratiense faz no Brasil. A bebiba é produzida nos mais variados sabores, como a prata (a famosa branquinha, armazenada em tonel de amendoim ou jequitibá rosa); a ouro (armazenada em barril de carvalho) e a azuladinha (que utiliza folhas de tangerina no processo de destilação). Essa última chegou a ser premiada em concurso no ano de 1908 no Rio de Janeiro como a melhor cachaça do Brasil.

Bebidas mistas típicas dos alambiques de Paraty, como a caramelada (composto de aguardente com melado de cana-de-açúcar) e a gabriela (com extrato de canela e/ou cravo), além dos licores de diversos sabores (morango, limão, abóbora e chocolate, por exemplo), também caíram no gosto dos apreciadores ao longo dos últimos anos.

Mas especialistas advertem para a diferença entre cachaça e aguardente, que chega a ser estabelecida por meio de um decreto do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A cachaça é exclusivamente derivada da cana-de-açúcar e possui de 39% a 45% de volume de álcool em sua composição. Já a aguardente pode ser mais forte, de 38% a 54%, e deriva da destilação do caldo de vegetais (frutas, cereais, grãos etc). No caso de Paraty, segundo especialistas, só existe cachaça. Ou melhor, pinga. E da pura.

(Por Rosayne Macedo/Ag. Sebrae - Foto: Denise Menchen/Terra)

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Cachaça, sim. Mas com sofisticação

A cachaça, a mais brasileira das bebidas e cuja história se mistura com a do País, passa por um momento de sofisticação. Os lançamentos alcançam cifras altas, o cuidado com as garrafas está cada vez maior, os bares que a têm como carro-chefe fazem sucesso, o marketing é agressivo, e até as mulheres têm provado e aprovado a bebida. Ficou chique sair para beber cachaça, colecionar garrafas e entender do assunto. Os esforços dos produtores têm surtido efeito e, aos poucos, a cachaça perde o estigma de bebida de boteco. Hoje, bebe-se em bares elegantes de bairros de classe média alta, como a Universidade da Cachaça, do chef Sergio Arno, ele próprio um colecionador de aguardente.

Há duas semanas, a Sagatiba, empresa que produz cachaça premium, começou a vender as primeiras garrafas da Sagatiba Preciosa, uma edição limitada de um lote raro produzido em 1982 e envelhecido por 23 anos. No ponto-de-venda, o preço final é de cerca de R$ 600. Dez unidades da bebida já haviam sido vendidas antes mesmo do lançamento nacional, em três leilões realizados pela famosa casa Christie's, em Londres, Paris e Amsterdã. Algumas garrafas alcançaram o preço de R$ 2 mil. Todo o design e produção foram feitos em Paris pela Saverglass, uma das mais tradicionais empresas de embalagem de vidro do mundo.

A Sagatiba, que nasceu em 2003, gastou nesses últimos quatro anos U$ 40 milhões em investimento global (marketing, estrutura, etc). Cresceu 450% em 2006, em comparação ao ano anterior. Neste ano, a expectativa é de aumentar o faturamento em até 100%, segundo Régis Tina, diretor comercial da empresa. Foram mais de um milhão de garrafas vendidas no ano passado e 35% desse total foi exportado.

De acordo com César Rosa, presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça, a produção anual da bebida gira em torno de 1,1 bilhão de litros. A revista inglesa Drinks International aponta a Pirassununga 51 em terceiro lugar no ranking de bebidas destiladas mais consumidas no mundo – atrás apenas do coreano Jinro (um tipo de saquê) e do gin das Filipinas Ginebra San Miguel. A revista nem leva em conta o que é exportado, apenas o que é consumido de caninha 51 no Brasil.

O instituto tem outros números do mercado nacional, que não deixam de impressionar: 40 mil produtores, quatro mil marcas, 600 mil empregos diretos, 189 exportadores. "É um mercado estável. O produto com valor agregado para as classes A e B tem maior potencial de crescimento", diz Rosa. "O preconceito com relação à bebida diminuiu nos últimos dois anos, mas ainda existe."

Branquinhas

Na última Brasil Cachaça, feira realizada no final de abril em São Paulo, brilharam justamente as "branquinhas" mais nobres, como a edição especial da Sarau Cachaça Dona Beja, envelhecida 34 anos, ao preço de R$ 1 mil. A Angelina Tabacos também lançou sua cachaça premium – a Série A Cambuci. Pensada para fazer dupla com charuto, vai custar cerca de R$ 195. O evento registrou crescimento de 100% em relação ao ano anterior, recebendo cerca de 21 mil visitantes, segundo o diretor Leandro Lara.

Em 1990, o paulista Delfino Golfeto abriu, nas palavras dele, um boteco bem simples, mas "muito bonito", onde a estrela seria a cachaça. Do assunto, Golfeto entendia. Afinal ele foi durante 20 anos técnico de açúcar e álcool e gerente de usinas do setor. "Coloquei meus diplomas em uma gaveta e meti a cara no boteco", diz.

Hoje, o bar (em Tupã) virou rede – a Água Doce Cachaçaria tem 97 endereços em 12 estados e abre, em média, cinco novas casas por ano. "Tivemos que limitar o crescimento para não perdermos o controle. E aumentaram as vendas nos bares, quando diminuímos o número de abertura de lojas", comenta Golfeto.

Consumo feminino

O empresário, conhecido como embaixador da cachaça e idealizador do Museu da Cachaça de Tupã, diz que o consumo da bebida entre as mulheres tem aumentado visivelmente. "E elas também estão se tornando experts! Demoram três vezes mais para tomar uma dose, apreciando melhor a bebida. Essa sensibilidade nos surpreende." Golfeto recomenda que cada dose de 50 mililitros seja tomada em 20, 25 minutos. "Os homens tomam em 10 minutos, 15 no máximo".

A unidade da Água Doce em Moema, na capital, de propriedade de Vander de Castro, exigiu um investimento de R$ 850 mil, mas uma franquia menor pode ser aberta com R$ 250 mil. "Com uma casa pequena gasta-se bem menos e o risco não é tão grande, mas o retorno também é menor", diz.

Por Kety Shapazian (Diário do Comércio-SP)

segunda-feira, 7 de maio de 2007

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Cachaças têm série de lançamentos

Realizada na última semana de abril, no prédio da Bienal, a quarta edição do Brasil Cachaça 2007 reuniu os principais produtores da bebida e recebeu um público recorde de 21 mil visitantes.
Paralelo à Expovinis e ao Epicure, o evento trouxe novidades como a Germana (MG) envelhecida dez anos e uma linha da Magnífica (RJ): Reserva Soleira quatro anos e as cachaças armazenadas por dois anos em carvalho e ipê. A Angelina Tabacos aproveitou a ocasião para lançar sua cachaça Série A Cambuci, em edição limitada de apenas 107 exemplares. Disponível no mercado a partir de maio, a bebida tem como base cachaça destilada em pequenos alambiques de cobre com um blend de cambuci, uma fruta colhida na Mata Atlântica.
Produzida artesanalmente em São Luiz do Paraitinga (SP), tem sabor levemente doce e com notas cítricas. Criada para acompanhar charutos, a bebida tem preço sugerido de R$ 195.
Duas semanas depois do evento, a Diageo Brasil é que anuncia novidades. No dia 9, lança a série Fulô 1827, composta por Fulô 1827 Jequitibá e Fulô 1827 Pau-Brasil, cachaças da família Nega Fulô armazenadas em barris destas madeiras brasileiras. A tradicional Nega Fulô também vai sofrer mudanças, mas só na embalagem.

Rachel Botelho (Folha de S.Paulo)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Boteco Bohemia 2006

Aproveitando a matéria de ontem sobre o 'Comida di Buteco', vamos rever como foi a festa da saideira do Boteco Bohemia 2006 em São Paulo, onde o Bar do Magrão participou pelo terceiro ano consecutivo.











quarta-feira, 2 de maio de 2007

Comida di Buteco cria cadeia produtiva de fornecedores e empregos

O Comida di Buteco é bem mais que um evento gastronômico para eleger o melhor tira-gosto da capital mineira. Nos bastidores dessa competição, realizada em Belo Horizonte desde 1999 e que ganhou projeção nacional nos últimos anos, formou-se uma verdadeira cadeia produtiva que envolve centenas de fornecedores e gera milhares de empregos. “Só nos 41 bares participantes este ano, pelo menos 300 empregos diretos estão sendo criados”, assegura o gastrônomo Eduardo Maya, idealizador do Comida di Buteco. “No total, são mais de mil pessoas trabalhando no evento, incluindo a Festa da Saideira, que elege o melhor petisco”, afirma.

Ainda não existe um levantamento com os números do evento, mas quem participa comemora os resultados. A cozinheira Terezinha Maria Alves Stehling, que faz pastel de angu em Itabirito há 10 anos, fornece o petisco para o Bar Temático há nove e revela que o Comida di Buteco representa um aumento significativo na sua renda. “Em uma semana, vendemos 10 mil pastéis. Acho que vai passar dos 40 mil até o fim da competição”, comemora a cozinheira, que afirma que os pedidos dos consumidores sempre se multiplicam depois do evento. Velder Nazarro, sócio do Temático, sente no balcão os efeitos no Comida di Buteco. “O faturamento aumenta cerca de 80% no período. Outra vantagem é que vem gente de todo lugar que, pela distância, não viria se não fosse o evento”, ressalta. Em vez de contratar pessoal extra, seus funcionários preferiram dobrar a jornada. O tira-gosto concorrente também tem lingüiça do Serro, carne-de- sol de Inhaúma, torresmo de Prados e queijo de Feira de Santana (PE).

O frigorífico Montalvânia fornece fígado bovino para o Casa Cheia, miolo de alcatra para o Bar do Luizinho e maminha de alcatra para o Bar do Doca. “Para os três juntos, vendo 320 quilos por dia, três a quatro vezes por semana”, informa Pedro Edson Menezes Viana, dono do frigorífico, que tem aumento de pelo menos 10% com o evento. Para Ilmar Antônio de Jesus, sócio do Casa Cheia, que participa do Comida di Buteco desde 2002, o evento mudou até o perfil do cliente. “Recebemos muito pessoal de fora, principalmente paulistas e cariocas, que vêm em caravanas”, revela Ilmar, que contratou seis funcionários extras e comemora um aumento de 30% nas vendas.

Para Miguel Murta de Almeida, dono do Via Cristina, o Comida di Buteco foi a sua salvação. Ele ia fechar as portas, quando foi chamado para participar do evento, em 2004. “Concorremos com o torresmo na brasa e espetinho de mandioca. As vendas saltaram de 20 quilos para 500 quilos por semana durante o evento e até hoje vendemos 200 quilos por semana desse petisco”, revela. Quem fornece o torresmo para o bar é o Frigozezão, que ganhou um cliente fiel. Para o prato deste ano, um pastel de mandioca com recheio de carne-de-sol, a picanha com maminha vêm do Mato Grosso.

A cadeia do Comida di Buteco não pára por aí. Os aventais e camisetas foram produzidos pela Oficina da Camiseta, em volumes 40% maiores que 2006, segundo a sócia Cidinha Campos. A Plano Propaganda fez mil bonés para o evento e a gráfica Alvo foi responsável pelos guias dos bares, jogos americanos, bandeirolas, fichas de votação e porta-copos. “Foram cerca de 350 mil peças. Além de 10% de aumento no faturamento, estamos tendo muita encomenda de trabalho por causa desse material”, afirma o vendedor Humberto Braga.

A Bohemia, cerveja oficial do circuito, revela um aumento de 50% nas vendas durante o evento. “O principal é a associação da marca àquilo que há de melhor. Por isso, levamos a competição para São Paulo com o nome de Buteco Bohemia, que também estará em Curitiba este ano”, ressalta Cristiano Schenardi, gerente de Marketing de Bohemia. A TIM, patrocinadora do evento em Minas há cinco anos, expõe sua marca e oferece serviços voltados para a competição. A Nadir Figueiredo está fornecendo 65 mil copos americanos e 18 mil de cachaça personalizados, segundo o coordenador de comunicação Rodrigo Caldas.

Quem não participa do Comida di Buteco, lamenta. Segundo Ivo Faria, dono do restaurante Vecchio Sogno, a queda no movimento é de, pelo menos, 10%. “Até quem não tem costume de freqüentar bares quer participar”, diz. Pesquisa do Vox Populi revela que 71% dos freqüentadores do Comida di Buteco têm curso superior, 33% ganham de 10 a 20 salários mínimos e 23% ganham acima desse patamar – perfil de consumidor semelhante ao do Vecchio Sogno.

Por Karla Mendes - Estado de Minas (foto: Marcos Vieira/EM)