terça-feira, 31 de julho de 2007

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Champanhe rosé, puro charme

Prestigiado, elegante e cada vez mais desejado, o champanhe rosé borbulha com sedução

Entre os amantes dos vinhos, a cor rosa gera muita polêmica - há os detratores e os defensores dos vinhos no meio do caminho entre os brancos e os tintos. Entretanto, quando se trata de champanhe, o rosa geralmente tem o dom de harmonizar as opiniões enquanto gera admiração. Não só há grandes exemplares de tonalidade rosé como também, na maioria das vezes, essa é a cor do que há de melhor nas casas produtoras da mitológica região de Champagne, a leste de Paris. A relação entre Champagne e nobreza é, até mesmo, geográfica. Era na catedral da encantadora Reims, uma das cidades mais importantes da região, que os reis eram coroados desde Luís XIV até o fim da monarquia na França. A região também tem outros grandes centros, como os arredores da Cidade de Epernay, onde o monge Dom Perignon, "inventou" essa bebida, que é o ponto alto dos eventos e lembra sucesso, comemoração e conquistas, além de evocar na vida de cada um de nós sentimentos relacionados a amor e paixão. Para quem nunca estourou um champanhe rosé com a pessoa amada, aí vai uma dica, ainda está em tempo.

O champanhe rosé é sinônimo de requinte e luxo e quase sempre é mais raro e caro que os brut "brancos". Na comparação de preços entre os bruts "brancos" e os bruts rosés, a diferença de preço gira em torno de 10% a 50% (a mais para os rosés, claro), e quando se trata de champanhes vintage (com safra) a diferença pode chegar a 100%. Se a idéia de comemoração, em geral, remete ao champanhe, quando ele é rosé há um toque ainda mais especial na celebração, que fica ainda mais charmosa, chique e sedutora. .

O champanhe rosé é um vinho muito especial, que provoca controvérsia apenas quando se considera o gosto pessoal de cada amante das borbulhas. Podemos ter champanhes rosés tanto produzidos com a adição de vinho tinto no processo de fabricação como pela maceração das uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier. Esse ponto talvez seja o mais sensível de todos, pois temos grandes exemplares produzidos pelos dois métodos. Os mais comuns são os com adição de vinho tinto, pois o objetivo é manter a finesse, a elegância e a delicadeza do champanhe.

De maneira geral, são para consumo mais rápido, pois no caso de adição do vinho tinto, se ele for à base das uvas Pinot Noir e Pinot Meunier, temos uma baixa de acidez no blend final. Com isso temos um vinho com acidez menor e, assim, menos longevo. A acidez é um dos componentes responsáveis pela longevidade de qualquer vinho.

O outro estilo menos comum de produção de champanhe rosé é com a maceração de uvas tintas (sempre Pinot Noir e Pinot Meunier), processo que nasceu na década de 60 com a casa Laurent Perrier, que produz até hoje um dos mais espetaculares rosés borbulhantes do planeta.

Diante da questão sobre qual seria o método mais adequado para obtenção do rosé - maceração de uvas tintas ou adição de vinho tinto -, François Hautekeur, um dos nove enólogos que formam o comitê de degustação e que colaboraram na criação da Veuve Clicquot Rose, respondeu com pragmatismo: "na Veuve Clicquot somos assembleurs, ou seja, nosso negócio é fazer o blend final dos champanhes", deixando claro que em sua casa nunca acontece a maceração das uvas tintas, mas sim sempre se utiliza o método de assemblage.

O lançamento do novo produto da marca de champanhe que mais vende no Brasil pareceu a este colunista uma ótima oportunidade de mergulhar no glamour do rosa e das borbulhas e de degustar vários grandes espumantes rosés de uma vez só. E uso deliberadamente a palavra espumantes porque aos doze champanhes rosés juntou-se um espumante italiano rosé. Viver essa maratona de sabor é um privilégio para poucos que resultou numa análise dos destaques em todos os níveis de preço e requinte nos três grupos: brut, brut prestige e vintage (ou safrados).

No topo da pirâmide estão os rosés vintage. Da década de 90, as melhores safras foram 1995, 1996, 1998 e 1999, que geraram vinhos muito especiais e longevos e que hoje estão praticamente esgotadas. A melhor de todas as safras é a 1996. Dos rosés vintage degustados os destaques foram a Pol Roger Brut Rosé Extra Cuveé de Reserve 1998. Aromas de frutas vermelhas (cerejas), toques cítricos e um final delicioso. Um champanhe vivo, profundo e muito especial. Pode-se degustá-lo já, mas tem seguramente mais dez anos pela frente. A casa Pol Roger está entre as mais prestigiadas de toda a região, e seus champanhes são sempre destaque mundo afora.

O outro grande vinho degustado foi o Taittinger Comtes de Champagne Brut Rosé 1999. De cor salmão reluzente, no nariz é uma verdadeira maravilha, com muita fruta, como morango e cereja. Tem ainda toques minerais, com uma firme estrutura. Na boca é explosivo, elegante e intenso. Um rosé monumental. Talvez um dos melhores rosés já produzidos pela famosa casa Taittinger. É um sério rival do Comtes Rosé 1996, que é mais formal e menos pronto que seu irmão mais novo.

Dos rosé brut não safrados temos os exemplares mais fáceis de serem apreciados em dois grupos distintos. Os excepcionais rótulos produzidos em grandes quantidades e os outros produzidos por casas menores e em quantidades menos expressivas, que não deixam também de ser excepcionais.

O Veuve Clicquot Brut Rosé é muito especial, pois com seus 12% de Pinot Noir mostra muito equilíbrio. É guloso e agradável na boca. A sensação que se tem é de que é um vinho para beber a noite inteira. O Heidsieck Monopole Brut Rosé Top tem a cor mais clara. É carregado de fruta, presente e com um final marcante. Seu parente Piper Heidsieck Rosé Sauvage é mais intenso na cor e faz juz ao nome "selvagem". É mais rústico, porém mais inebriante e focado. Na boca é firme e muito estruturado.

O Duval Leroy Brut Rosé de Saignée é dos mais leves, tanto na cor quanto no corpo. Muito sutil e com um final intrigante. Essa casa é sem duvida uma das que mais evoluíram ultimamente, e esse rosé é prova disso.

Dos top brut não safrados e de preços mais aviltados, que fazem do champanhe rosé um produto realmente diferenciado, tivemos três monumentos. O primeiro é o consagrado Laurent Perrier Cuveé Rosé, precursor dos rosés produzidos pela maceração de uvas tintas e que até hoje têm um estilo único, desde a sua cor (mais intensa) até seus marcantes taninos. Um campeão quase absoluto quando alguém pretende degustar um champanhe com muito corpo, personalidade e intensidade.

O segundo destaque nessa categoria é o Egly-Oriet Rosé, produzido por uma pequena casa em Ambonnay, nas cercanias de Epernay. Sua cor é um salmão- claro, e seu perlage é finíssimo (bolhas muito pequenas, abundantes e velozes). Seus aromas são muito delicados, com marcantes toques de frutas, como o morango. Têm ainda no olfato toques florais e minerais. Na boca é pura finesse e nos lembra mesmo um bom Pinot Noir da Borgonha. Por ser lançamento, é talvez a mais grata surpresa de todo o painel. Sua qualidade é de um superpremium champanhe e o preço é muito próximo dos Rosés de mercado. O grande value for money de toda a degustação.

O último grande destaque do painel foi o sensacional Billercart-Salmon Brut Rosé. É, talvez, de todos os nonvintage, o mais impactante, pois alia força à finesse. O Billecart-Salmon apresenta maravilhosos toques minerais, complementados por frutas vermelhas. Na boca é um dos champanhes mais longos e com um delicioso retrogosto. Está, ao lado do Laurent Perrier citado acima, como o sonho de consumo dos amantes dos rosés, pórem cada um em seu estilo; o Laurent Perrier com mais força e presença, e o Billecart- Salmon com mais finesse e sutileza.

O único champanhe não francês do painel - logo não pode ser chamado de champanhe, mas tem mais status do que muitos champanhes - é o italiano Ferrari Rosé, produzido no norte da Itália, mais precisamente na região de Trento. Um espumante espetacular que, além de fazer sombra aos champanhes franceses, coloca em xeque a supremacia dos grandes Franciacortas Rosés de Maurizio Zannela (Ca' Del Bosco) e Matia Vezzola (Bellavista) como os mais especiais vinhos borbulhantes rosados da Itália.

O gostoso mesmo é saber que o mundo é muito melhor quando está cor-de-rosa. Saúde e vivam as borbulhas rosadas. (Por Luiz Gastão Bolonhez - Forbes Brasil)

sexta-feira, 27 de julho de 2007

HAPPY HOUR ESPECIAL

HOJE, sexta-feira, mais um happy hour especial no Bar do Magrão no som ambiente.
Grandes sons do rock e pop dos anos 60,70,80,90 e 00.
A partir das 20hs.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Uma 'onda' de cervejas importadas

Os números de importação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior confirmam o que o espaço aberto em gôndolas nas redes varejistas, além da maior oferta em botecos e restaurantes descolados, já vinha indicando: cresce o consumo de cervejas importadas no Brasil. Nos últimos cinco anos, os gastos com importação mais que dobraram. Pularam de U$$ 1,763 milhão para US$ 3,744 milhões.

A descoberta de outros sabores além da consagrada “pilsen leve”, que domina o mercado de quase 10 bilhões de litros bebidos por ano no País, começa a crescer. A participação das chamadas cervejas especiais, categoria que abriga as importadas, é de cerca de 7% desse total. Mas traça trajetória ascendente. E rápida, avaliam analistas do setor. Nem mesmo os preços, entre R$ 6 e R$ 40 são impedimento.

Embora principiantes nesse cenário de farta oferta de rótulos, os consumidores brasileiros já demonstram sofisticação no apetite. As cervejas alemãs e belgas, consideradas as melhores em sabor e qualidade, lideram a preferência de quem migrou para as importadas nos últimos dois anos.

A melhora do apetite nacional, em especial do consumidor de maior poder aquisitivo e mais velho, desperta a cobiça entre os envolvidos com o negócio da cerveja. A importação, até o ano passado dominada por pequenas empresas, ganha agora a concorrência da gigante AmBev, dona de quase 70% do mercado convencional.

“A entrada deles vai ampliar o mercado, indiscutivelmente, mas é uma ameaça por conta do poder econômico que eles impõem nas negociações com varejistas”, diz Marcelo Stein, diretor da Bier & Wein Importadora. Há dez anos sua empresa começou a trazer cervejas da Alemanha, entre as quais a Franziskaner, de trigo, e a Löwenbräu, mais próxima da pilsens mais conhecidas por aqui.

Porém, as duas cervejas pertencem ao portfólio da InBev, a multinacional belga dona da AmBev. E, desde mês passado, passaram a ser importadas pela própria AmBev.

A Bier & Wein ficou com a vantagem de comercializar a Erdinger, líder de vendas do mercado, segundo Alexandre Carlos de Campos, dono da distribuidora Imigrantes Bebidas, que, há quatro anos, vendia cinco marcas de cerveja em meio a uma carteira com mais de 3 mil produtos. Hoje orgulha-se de oferecer 45 rótulos.

A maior preocupação com a entrada dos grandes no jogo, para o atacadista Xavier Depuydt, belga radicado no Rio de Janeiro, é a perda da qualidade do que se traz de fora. “Há muita cerveja sem procedência, que não vale o investimento”. (Jornal da Tarde-SP)

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Um vinho custar mais de R$ 2.000 é uma "aberração"

ENTREVISTA/ ROGERIO FASANO
Dono da rede de restaurantes mais chique do país diz que elite deveria se mobilizar, critica bebidas caríssimas e sugere a demolição do Jardim Europa


DONO DA REDE de restaurantes mais freqüentada pela elite, o empresário Rogerio Fasano vê exageros no consumo de luxo. Diz considerar uma "aberração" uma garrafa de vinho custar R$ 2.000, mas oferece em sua principal casa, o Fasano, opções de mais de R$ 39 mil. Também sugere a transformação do Jardim Europa em um parque. "Se você fizer uma contagem, deve ter mil casas no Jardim Europa. Acho que mil moradores poderiam ser prejudicados em prol de 15 milhões."

Aos 45 anos, Fasano diz que ainda não conseguiu realizar o sonho da casa própria. Em compensação, é dono da rede de restaurantes mais chique do país, que, além do Fasano, engloba o Gero (filiais no Rio e em São Paulo) e Parigi, o bar Baretto, duas enotecas, três cafés, um hotel e uma casa de eventos. No final do mês, ele inaugura, no Rio de Janeiro, um novo hotel de luxo. "Tudo o que ganho é reinvestido. Não consigo comprar meu apartamento."

FOLHA - Os preços cobrados em restaurantes finos são chocantes para muitos. O conhaque [Hennessy Richard] vendido a R$ 900 a dose vale tudo isso?
ROGERIO FASANO - Eu nunca tomei. Para quem gosta de conhaque, pode valer... Acho que tem vinho que vale muito dinheiro. Mas tem limite também. Nenhum vinho pode custar mais que R$ 2.000! É um absurdo, uma aberração.

FOLHA - Você censura preços?
FASANO - Não que eu censure. É que acho que não dá para ter mesmo. Outro dia vi em Londres um vinho a 60 mil libras [cerca de R$ 230 mil]. Era um Château d'Yquem 1903. Acho ridículo. A mim, me agride.

FOLHA - Para algumas pessoas, o conhaque de R$ 900 a dose também soa agressivo.
FASANO - Mas eu entendo que soe mesmo. Mas é um conhaque que você tem uma garrafa, que dura dez, 20 anos, ninguém pede.

FOLHA - E o Fasano tem vinhos de mais de R$ 2.000...
FASANO - Eu não compro. Acho que você consegue vinhos muito bons de R$ 400, R$ 500. Aí entra o discurso da relação custo-benefício. Esses ícones, eu tenho que ter, os Rolls-Royce. Têm preços além da qualidade, pelo excesso de fama.

FOLHA - A moda de devolver vinho irrita os donos de restaurante?
FASANO - Está cheio de vinho com problemas. Está cheio de vinho "bouchonné" [com aroma de rolha]. Isso pode acontecer em vinho de US$ 1.000 e com vinho de R$ 40.

FOLHA - Mas há exagero?
FASANO - As pessoas estão entendendo mais de vinho e não posso ser contra isso. Vinte e cinco anos atrás, 90% do público brasileiro comia com uísque na mesa. Comida não combina com uísque! O futebol fica conhecido e todo mundo fala "põe o cara, tira o cara". Por isso todo brasileiro é metido a técnico. O que talvez falta ainda é a expectativa sobre um vinho. Você compra um chileno 2004 madeirado, tem que saber o que está comprando, não é dizer "não achei redondo". Aí é falta de conhecimento, ou de comunicação com o sommelier.

FOLHA - Que hábitos mudaram?
FASANO - São Paulo era muito mais provinciana, então as pessoas mandavam mais no restaurante. Tipo chegar e falar: "Eu quero um filé à parmegiana". É falta de respeito ao profissional que está atrás. O brasileiro tinha aquela coisa do pratão único, que não rola na alta gastronomia. Eu já recusei pedido de costeleta à milanesa com espaguete de frutos do mar junto no mesmo prato. "Ah, então eu vou embora". Fazer o quê? Não pode! É desrespeitar toda uma tradição culinária. Mudou muito.

FOLHA - Seu hotel tem tapetes do Irã, lençóis egípcios. Qual é o limite?
FASANO - Aí é subjetivo. Tudo que é "over" é cafona. Eu quis fazer um novo Fasano quando eu achava que o meu Fasano estava "over". Não agüentava mais aquele predinho neoclássico. O gol do Fasano atual é como ele é mais jovem e você vê isso nitidamente na clientela. Ali eu estava ficando velho.

FOLHA - O estilo neoclássico é muito comum em São Paulo. Isso lhe incomoda?
FASANO - Eu não gosto. Mas em São Paulo nada me incomoda. Porque São Paulo é tão feio que dizer o que é mais feio é difícil. Nada contra o neoclássico. Mas o meu, ali do Fasano, pelo menos tinha proporção! Você vê aquele prédio em frente ao shopping Iguatemi [Plaza Iguatemi], é um prédio que não tem proporção, feito de pré-moldado. Querem dar um aspecto de nobreza, mas qualquer pessoa que entende de arquitetura sabe que pré-moldado é mais barato do que colocar tijolinho na fachada. Vem do jeito que você quiser: mais rococó, menos rococó, e em um mês tá pronto.

FOLHA - Do que mais não gosta em São Paulo?
FASANO - O que tem de fio em São Paulo! Você não consegue olhar para cima. Por outro lado, você tem um padrão de arquitetura raro de se alcançar, com gente do gabarito de Isay Weinfeld, Paulo Mendes da Rocha. O Jardim Europa [onde mora em uma casa alugada], por exemplo, é maravilhoso.

FOLHA - Por quê?
FASANO - Essas ruas tortas... Apesar que eu acho que aquilo tudo tinha que ser demolido e feito um parque. Se você fizer uma contagem, deve ter mil casas no Jardim Europa. Acho que mil moradores poderiam ser prejudicados em prol de 15 milhões. Se você olhar de cima, o Jardim Europa é o dobro, o triplo do Central Park. "Tá" pronto! É só tirar as casas. É uma idéia meio comuna, mas... Uma vez falei isso para o [governador José] Serra. Ele falou: "É só um pouquinho difícil" [risos]. Mas acho mesmo. O que falta em São Paulo? Lazer!

FOLHA - O ex-governador Cláudio Lembo diz que o país tem uma elite perversa, que deveria se mobilizar e abrir a bolsa para ajudar a resolver os problemas do país. Concorda?
FASANO - A elite tinha que se mobilizar em relação ao todo. Você vê coisas aqui que, se fosse em Buenos Aires, a cidade inteira iria ao chão. O grau de violência! O Brasil está permissivo demais, se acostumou a achar que a violência é normal, que a safadeza é normal.

FOLHA - Quais as dificuldades dos empresários para crescer no Brasil?
FASANO - Eu cresci aos trancos e barrancos, às custas de um sacrifício pessoal gigantesco. Olha, nem apartamento eu tenho! Minha conta bancária é correr atrás do mês para pagar o mês. É um país que, se você entrar em banco, você está perdido. Crédito é a pior coisa que te podem oferecer. A relação capital-trabalho não é a que deveria ser, o que é normal, em um país em que o dinheiro parado rende o que rende. Quando fiz esse hotel, bati à porta de quase todos os empresários brasileiros. Falavam: "Por que vou fazer uma coisa que se paga em oito anos, se o meu dinheiro parado rende 30% ao ano?".

FOLHA - Quando você fala de sacrifícios pessoais para vencer na profissão, isso significa o quê?
FASANO - Significa ter 45 anos, dois infartos, dois casamentos, vida pessoal atabalhoada, total dedicação ao trabalho, pouco dinheiro no bolso... Acho que isso resume bem. Mas zero arrependimento! Me sinto muito rico, em todos os sentidos. A pessoa pode ter um caminhão de dinheiro. Se ela continua correndo atrás de grana, ela é pobre. Se você tem dez e quer ter 30, e fica "pê" da vida se você não tem 30, você é pobre.

FOLHA - Gosta de se aventurar pela baixa gastronomia? Já comeu "churrasquinho de gato"?
FASANO - Eu não como gato [risos]. Eu já comi cachorro-quente em jogo de futebol. Não deixo de comer pipoca no cinema. O que eu não gosto é aquele truque dos restaurantes, não só do Brasil: alho. Deveria ter um decreto que proibisse o uso de alho até determinado nível. Tudo com alho fica gostoso na hora e aí, às 3h da manhã, você está com ele ainda, não dorme... É um grande truque. Não sabe cozinhar? Alho na cozinha! Alho e cebola crua transformam tudo. Mas é pesado, indigesto. Drácula não tinha medo do alho à toa. É uma arma.

FOLHA - E a história de que você já foi pego com trufas brancas [raro cogumelo subterrâneo, vendido a até R$ 20 mil o quilo] na alfândega?
FASANO - Isso foi com alcachofra [risos]. [Trufas] eu trazia antes [sem declarar], agora trago tudo direitinho. Isso é coisa de dez anos, 15 anos atrás.
(Por Daniel Bergamasco. Colaborou Janaina Fidalgo. Folha de S.Paulo)

Grupo começou com o bisavô

A pedra-fundamental do império gastronômico da família de Rogerio Fasano, 45, foi lançada em 1902, quando Vittorio, seu bisavô, recém-chegado da Itália, inaugurou a Brasserie Paulista, no centro de São Paulo. Outros restaurantes foram abertos pelas mãos do avô Ruggero, do pai Fabrizio e, enfim, por Rogerio. Pelas casas da família já passaram celebridades como a atriz alemã Marlene Dietrich e o ditador cubano Fidel Castro.
Hoje, mais de 800 funcionários trabalham nas empresas abrigadas sob o guarda-chuva do grupo. Rogerio diz que planeja, no futuro, criar uma espécie de sociedade com alguns dos empregados mais experientes. No ano passado, ele levou cerca de 30 deles em uma viagem gastronômica pela Itália de cerca de um mês.
O empresário é pai de Ana, de 17 anos, fruto de seu primeiro casamento, e Vittorio, de um ano, com a atual mulher, Ana Luiza, que atualmente trabalha no hotel do grupo. (DB)

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Cantina do Magrão aposta em pratos despretensiosos



JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA


A Cantina do Magrão, popular no Ipiranga, nasceu da rotisseria que os proprietários do Bar do Magrão tentaram implantar na porta vizinha. O bar já fazia sucesso desde 1995.
Em 2000, ocuparam o imóvel ao lado para vender massas e pratos italianos. A freguesia queria comer ali mesmo. Mesinhas foram sendo colocadas, até que a cantina se impôs.
Para completar, o Magrão (Luiz Antônio Sampaio) criou a cenografia de uma vila diante do restaurante, com banquinhos e flores. No pequeno espaço, são servidos pratos despretensiosos, de bom preço, como cappelletti in brodo, ravióli ao sugo, filé à parmigiana e um ou outro prato com alguma invencionice. No lugar de vinhos, grande variedade de cervejas, marca registrada do bar. (JM)

CANTINA DO MAGRÃO

Endereço: r. Agostinho Gomes, 2.996, Ipiranga, tel. 0/xx/11/6161-6649
Funcionamento: ter. a sáb., das 12h às 23h30; dom., das 12h às 22h
Preços: entradas, R$ 5 a R$ 25 (para 4); pratos principais, R$ 17 a R$ 115 (para 4); sobremesas, R$ 4 a R$ 11

terça-feira, 17 de julho de 2007

Uma viagem pelo mundo dos vinhos

Para quem não leu, esta edição especial da Revista Exame de dezembro de 2006 traz um ótimo panorama para os apreciadores do mundo do vinho. Clique no título para acessar.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Freqüentador destrói parte de um bar no Ipiranga

O que era para ser uma reunião de amigos, regada a feijoada e chorinho, quase terminou em tragédia no bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo, no último sábado (14.07).

Ricardo Lupi, um dos freqüentadores mais antigos do Bar do Magrão, destruiu parte de uma parede do estabelecimento que sustentava uma prateleira com adornos de todos os tipos. Resultado: xícaras, canecas, relógios antigos e latas de cerveja despencaram sobre a mesa e as cabeças de uma turma de amigos. O incidente ocorreu quando ele tentava arrumar um espelho.









Detalhes da parede e do suporte destruídos por Lupi no último sábado

Ninguém ficou ferido, mas a situação impressionou os outros clientes do bar. Marco Aurélio, conhecido por ‘Oré’, foi o único que conseguiu segurar a prateleira. Emitindo, repetidas vezes, gemidos de difícil compreensão: “siguraxicrinhasiguraxicrinhasiguraxicrinha”, o freqüentador salvou os poucos objetos que sobraram. Guilherme WR, que estava na mesa ao lado, acudiu o colega após uma longa pausa para tentar decifrar o que ele estava tentando dizer.

“Ainda bem que a feijoada já tinha sido retirada da mesa e estava em processo de digestão ou o incidente poderia ser pior”, lembrou outra quase vítima, Fernando Olivan.

Os outros integrantes da mesa, Régis e Salomão, ficaram em estado de choque e tiveram que ser atendidos pelo serviço de resgate do Corpo de Bombeiros, mas logo se recuperaram.

Já o dono do estabelecimento, Luiz Sampaio ‘Magrão’, lamentou o fato. “Não sei o que foi pior; quebrarem parte do meu bar ou presenciar o comportamento deles após a tragédia”.

A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, através de uma nota para a imprensa, disse que irá punir Ricardo Lupi com a proibição de freqüentar qualquer bar ou restaurante dentro dos limites do Estado de São Paulo por um período de dois meses.

“Fiz merda! Será que eu saí na foto?”, foi a única declaração do acusado.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

quinta-feira, 12 de julho de 2007

'Comedor de hot dog mais rápido do mundo' vira herói no Ipiranga

Gé ficou famoso por ter vencido uma competição de comer hot dogs. Ele devorou 66 cachorros-quentes em 12 minutos
Ao vencer o campeonato de devoradores de hot-dogs no último dia 4 de julho, o músico e amigo de Mauro Sampaio, Gé, se converteu no novo herói nacional.

Depois de derrotar o então campeão e superfavorito ao título, o japonês Takeru Kobayashi - que havia vencido os seis últimos campeonatos - Gé recebeu elogios da imprensa de todo o país.

O jornal "Diário do Sacomã" escreveu uma reportagem comentando seu feito, no qual afirma que o novo "rei dos hot dogs" é um herói nacional.

No entanto, em matéria de entusiasmo, nada se compara aos comentaristas do canal de esportes "ESPN".

No dia do torneio, que foi transmitido ao vivo para todo o país, os jornalistas que cobriam o evento afirmaram que a vitória de Gé "poderia ser o mais importante momento na história do esporte brasileiro".

Um deles chegou a dizer que se alguém digitasse a palavra "herói" no site de buscas Google no dia seguinte à vitória do frequentador do Bar do Magrão, o resultado seriam as palavras Mauro Sampaio (amigo do brasileiro e colecionador de miniaturas) e Gé.

Gé celebra sua vitória no Bar do Magrão depois de devorar 66 hot dogs

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Disputa Saborosa

No Piemonte, aos pés dos Alpes e perto da França, os Barberas, Dolcettos, Bardolinos, Freisas e alguns mais leves feitos com a uva Nebbiolo seriam vinhos 'di pranzo'

A Barbera disputa com a Sangiovese a primazia de ser a uva tinta mais plantada em toda a Itália. Ela se espalha pelo Norte do país, notadamente no Piemonte, onde nasceu, provavelmente na zona de Monferrato e onde dá os vinhos mais populares da região.

Os italianos costumam fazer uma distinção entre os vinhos 'di pranzo', os mais apropriados para as massas, risotos e outros pratos com os quais costumam abrir a refeição (primi) e vini d'arrosto, os de mais classe, mais corpo, reservados para as ocasiões especiais, para os grandes assados.

No Piemonte, uma região de muitos e grandes vinhos e de cozinha rica, excelente, no Noroeste da Itália, aos pés dos Alpes e perto da França, os Barberas, Dolcettos, Bardolinos, Freisas e alguns mais leves feitos com a uva Nebbiolo seriam vinhos 'di pranzo'. Já os grandes e mais nobres elaborados com a Nebbiolo, notadamente Barolo e Barbaresco seriam os vini d'arrosto.

Até algum tempo, essa divisão era bem nítida, na qualidade, no estilo e, principalmente, nos preços. Os Barberas eram vinhos leves, descompromissados, sempre com boa cor, pouco tanino e acidez gostosa, características que facilitam a acomodação com muitos pratos de várias categorias. Hoje, a situação está mais nebulosa, pois apareceram grandes Barberas envelhecidos no carvalho, que custam tanto ou mais que muitos Barolos e Barbarescos.

A idéia inicial era mostrar em duas colunas os tipos principais - com madeira e sem madeira - mas isso não deu muito certo. Assim, resolvi refazer os páreos e colocar juntos os que custam abaixo de R$ 80 (muitos dos quais com estágios em barricas ou outros recipientes de carvalho) e deixar para a próxima coluna os que ficam acima de R$ 100, mas não ultrapassam a barreira dos R 200. A degustação foi das melhores, deu muito prazer. Além dos quatro selecionados, é necessário salientar a qualidade também do Barbera d'Asti Il Monello 200, do grande produtor Braida, o precursor do Barbera 'barricato', um vinho gostoso (Expand, R$ 48) e do Barbera d'Asti Beni di Batasiolo Sabri 2004 (Expand, R$ 49). Dois vinhos ótimos, com preços atraentes.

BARBERA D’ASTI IL FIULOT PRUNOTTO 2005
ONDE ENCONTRAR Expand, tel.: 613-3333 e, a partir do dia 10, 3847-4747
PREÇO R$ 59
COTAÇÃO 88/100

A Prunotto é uma empresa tradicional do Piemonte, hoje controlada pela não menos tradicional Marchesi di Antinori, da Toscana. Vinhos bem feitos e confiáveis, como este Barbera alegre, com aroma não muito potente, mas muito gostoso, complexo, com algo de chocolate. Aroma ainda meio fechado, que abriu bastante depois de um certo tempo no copo. Algo de ameixas pretas. Na boca, redondo, agradável e macio. O tipo do vinho “doce” sedoso, apesar do final um pouco alcoólico. Já dá muito prazer, mas deve evoluir com um pouco mais de tempo no copo. Fácil de beber e de gostar. Frescor estimulante, que convida a continuar bebendo. Deixa na boca sensação agradável, de frutas. 13% de álcool.

CÁ DI PIAN LA SPINETTA 2001
ONDE ENCONTRAR Vinci, tel.: 6097-0000
PREÇO R$ 77
COTAÇÃO 89/100

A La Spinetta faz alguns dos melhores Barberas do Piemonte. Este é realmente muito bom e já tem alguns anos na garrafa. O tipo de vinho que precisa ser provado já, pois não tem nada a ganhar com o tempo. Apesar da idade, escurão, violáceo, sem sinais de envelhecimento. Aroma de vinho evoluído, com algo de chocolate e frutas escuras, talvez ameixas. Sente-se um pouco do álcool no aroma, que “pica” um pouco as mucosas das narinas. Na boca, gostoso do começo ao fim, apesar de um pouquinho alcoólico ao final. Redondo, gostoso e complexo na boca. Muita fruta bem madura e algo de chocolate. Deixa sensação gostosa. Concentrado, com bom corpo e acidez muito agradável. 13,5% de álcool.

BARBERA D’ASTI CAMP DU ROUSS COPPO 2004
ONDE ENCONTRAR Mistral, R. Rocha, 288, tel.: 3372-3400
PREÇO R$ 77,80
COTAÇÃO 89/100

A Coppo é outra vinícola que pode ser considerada especialista em Barberas, pois faz vários vinhos com essa uva, alguns excelentes e bem caros. Este é um tinto vivo, gostoso, que dá vontade de continuar bebendo. Escurão, violáceo, sem sinais de envelhecimento. Aroma ótimo, relativamente intenso. Muita fruta e algo floral. Na boca, redondo, encorpado, desses que enchem a boca. Ótima concentração de sabor e muita fruta madura, talvez geléia. Um vinho equilibrado, com tudo no lugar, redondo, sem arestas. Mais do que pronto para o consumo. Um exemplo de acidez estimulante. Um vinho complexo, com várias nuances, macio, quase sedoso, que deixa uma sensação de frescor na boca. 13% de álcool.

BARBERA D’ALBA S. ROSALIA MAURO SEBASTE 2005
ONDE ENCONTRAR Decanter, tel.: 3074 -5454.
PREÇO R$ 80
COTAÇÃO 88/100

Um vinho muito gostoso, marcado pelo estágio no carvalho. Fácil de beber e de gostar. Como os demais, cresceu muito com o almoço. Vinho bem jovem, porém pronto para o copo, macio e nada agressivo. Aroma agradável e que foi melhorando com o tempo no copo. Primeira impressão de tinto frutado, com um pouquinho de madeira e algo de baunilha ao fundo. Depois de um certo tempo, a baunilha foi crescendo, mas não dominou, deixando espaço para as frutas. Começou muito bem na boca. Concentrado, com bom corpo e “doce”, suave. Taninos macios, sem nada de amargor, que apareceram apenas no fim. Potente, quente e apenas um pouquinho alcoólico. 14% de álcool. (saul.galvão@grupoestado.com.br/OESP)

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Exercício de humildade II

Na degustação às cegas há uma alegre euforia entre os participantes

Há pouco mais de um ano publicamos uma matéria nesta coluna com o tema Exercício de Humildade. Nela relatamos uma degustação às cegas e destacamos as importantes lições que tiramos desse tipo de degustação, como respeito ao paladar e principalmente a humildade que devemos ter diante de uma garrafa de vinho.

Pois bem,sábado dia 2 de junho,organizamos uma degustação às cegas com um grupo de oito soteropolitanos loucos por vinho. Eles vieram da capital baiana para um fim de semana prolongado na capital brasileira da enogastronomia, a megalópole São Paulo. Essa degustação foi o gran finale da turnê que começou na quinta feira, último dia de maio.O tema escolhido foi “Vinhos com base na uva Cabernet Sauvignon ao redor do mundo”.

Após muita discussão, decidimos colocar um vinho de Bordeaux mais antigo para servir de guia e daí começar a volta pelos quatro continentes.

Da Europa tínhamos a Itália representada pelo imponente e famosíssimo Ornellaia da Tenuta de mesmo nome da especial safra de 1999.Da Espanha, o representante era o Cabernet Sauvignon Gran Reserva 2002 de Miguel Torres, e da França o ultra-renomado Chateau Margaux 1991. Das Américas tínhamos também três representantes. O Chile vinha com o Almaviva 2001 da joint venture da local Concha y Toro com o Chateau Mouton Rothschild de Bordeaux na França.A Argentina vinha representada pelo Estiba Reservada 2002 da Bodega Catena Zapata, e os Estados Unidos com o Opus One 1999, produzido por outra joint venture, essa entre o mesmo Chateau Mouton Rothschild e o conglomerado local Robert Mondavi Wineries. Da África vinha o premiado Vergelegen 2000, produzido na África do Sul, e por último, representando a Oceania, o australiano Heytesburry 1999, da Vasse Felix.

Todos os nove felizardos começaram a dar seus palpites antes de começar. Talvez isso seja o que de mais interessante temos em uma degustação às cegas, essa excitação de final de campeonato. O favorito na bolsa de apostas era o supertoscano Ornellaia 1999, pois sua fama é muito grande e suas notas concedidas pelas publicações especializadas muito altas.O segundo favorito era o Almaviva 2001, e o terceiro o californiano Opus One 1999. Pelo retrospecto fazia todo sentido esse ranking prévio. Particularmente não acreditava no Ornellaia 1999, por sua juventude e por ter participado de várias degustações às cegas envolvendo supertoscanos, como seus concorrentes diretos Solaia, Sassicaia etc. Esses vinhos Italianos à base de Cabernet Sauvignon são vinhos que precisam de tempo na garrafa para ficarem equilibrados, por isso quase sempre não se dão bem em degustações às cegas.Todos os oito vinhos foram decantados em decanteres idênticos e servidos em taças também idênticas, todos numerados. Em uma seqüência que só a pessoa que serviu sabia, o 10.º felizardo que tinha a “chave do cofre”não participou da degustação às cegas.


Vinhos Cabernet Sauvignon precisam de tempo na garrafa para ficar equilibrados



Foi dada a largada. A degustação iniciou em silêncio total. Aos poucos os participantes foram relaxando e os comentários começaram. O primeiro por sinal foi unânime, todos descobriram logo qual vinho era o Margaux 1991. Foi fácil identificar não só pela tipicidade de um grande vinho de Bordeaux mas também pela idade mais avançada. Estávamos mesmo à frente de um vinho hors-concours.Vale ressaltar que a safra de 1991 não foi das melhores em Bordeaux,mas mostra que mesmo em safras difíceis um Chateau Margaux é sempre um vinho muito especial. Dos nove participantes somente um votou nesse vinho como o melhor. Especificamente para mim esse vinho, apesar de muito bom, não passou dos 87 pontos.

As próximas conclusões começaram a aparecer. Para mim os vinhos das taças 2 e 7 eram os que estavam em um patamar superior, e os pontuei com 95 e 94 pontos respectivamente. Os demais variaram entre 91 e 85 pontos.

No final da degustação preparamos o ranking com as notas de todos os participantes e começamos de trás para a frente, ou seja, dos que menos impressionaram para os que se destacaram.As grandes decepções foram o catalão Mas de la Plana 2002,que estava maduro e muito agradável mas não à altura dos demais vinhos da mesa, e o Vergelegen 2000,que estava desequilibrado e não agradou. Talvez esteja em plena dormência e com mais alguns anos de garrafa se mostre mais equilibrado. Esse vinho em questão foi eleito pelo renomado crítico de vinhos da África do Sul John Platter em 2003 como um dos únicos vinte vinhos a receber o laurel de “Superlative, a Cape Classic Wine”e o vinho número 1 do país naquele mesmo ano.

O Opus One 1999 praticamente não mostrou a que veio. Um vinho sem expressão, vida e potência.Mas o mais impactante para todos foi a má performance do Ornellaia 1999. Esperávamos um vinho rico, cheio, potente e — principalmente — gostoso. Para nossa tristeza isso não aconteceu, o vinho mostrou-se desequilibrado. Seus impressionantes 16,5º de álcool não estavam em harmonia com a madeira, e seus taninos estavam além de verdes, um pouco ásperos. Forço-me a acreditar que esse vinho daqui a dez anos possa estar equilibrado e agradável.Talvez o tempo seja o remédio para torná-lo um grande vinho.

Daqui para a frente as grandes e impressionantes surpresas. Do oeste da Austrália vinha um vinho muito potente,agradável, encorpado e guloso. O Heytesburry 1999 (o número 7 citado acima) foi o terceiro no ranking geral e levou a medalha de bronze.Uma potência de vinho.

A prata foi para o excelente Catena Zapata Estiba Reservada 2002. Essa safra na Argentina foi espetacular e aclamada pelos críticos como a melhor safra dos últimos dez anos.

Apresentou muita concentração de frutas, cor intensa e taninos maduros. Na boca é complexo, pois alia fruta, madeira e acidez na medida, com toques minerais, finalizando com muita elegância.Muito bom hoje, mas vai continuar evoluindo por mais quinze anos na garrafa. A propósito e como informação complementar, degustei o Estiba Reservada 1991 no final do ano passado. Estava espetacular e ainda com vida pela frente, e isso prova que esse vinho é um dos ícones de nosso continente.

O grande campeão e que levou com certa folga o ouro foi o chileno de alma francesa Almaviva 2001 (taça 2). Mozart ficaria orgulhoso em saber que seu personagem das Bodas de Figaro, o Conde de Almaviva, foi a inspiração para o nome de um dos vinhos mais importantes de nosso continente. O conceito desse vinho é o de premier gran cru. Aromas marcantes de frutas (destaque para cassis e amoras negras) com toques de baunilha. Na boca é muito presente e aveludado, com um final delicioso. A sensação mesmo é de estar degustando um vinho chileno com bastante sotaque francês. É para amantes de vinhos de estilo bordolês com muito corpo e estrutura. Delicioso hoje e com mais dez anos de evolução na garrafa. Ah!, o blend do campeão é 70% de Cabernet Sauvignon, 27% de Carmenère e 3% de Cabernet Franc.

As conclusões são muitas, mas as principais são mesmo que um rótulo assusta, e que quando ele não está na sua frente você fica mais tranqüilo,sem pressão; e o mais importante: você respeita seu paladar acima de tudo. Leia muito,ouça opiniões, discuta e interaja com outros apaixonados por vinho,mas não faça de seu paladar um escravo de críticos que estão mais para ditadores de gosto do que qualquer outra coisa.

O resultado dessa degustação — muito simbólica, aliás — mostra de maneira efetiva que os vinhos do Novo Mundo são mesmo mais carnudos, intensos e encorpados que os do Velho Mundo e que servem de sinal para que os produtores europeus fiquem atentos à concorrência à altura.

As Bodas de Fígaro, de Mozart, inspirou o Almaviva chileno

O Opus One e o Ornellaia são vinhos que custam aqui no Brasil mais de R$ 1.000 a garrafa.O Almaviva 2001 custa por aqui entre R$ 400 e 500. O Estiba Reservada 2002 custa menos que 200 reais, valor muito parecido com o do Heytesburry, raríssimo aqui no Brasil. Tudo isso é para dizer que tanto preço quanto pontuações de críticos especializados só servem como parâmetros,mas o que decide mesmo é seu paladar.Pratiquem esse exercício de humildade com os amigos.Não há coisa melhor para seu aprendizado e autoconhecimento para apreciar um bom vinho... E viva o nosso continente,pois a América do Sul a cada dia que passa entra para o cenário mundial quando o foco são grandes vinhos. (Por Luiz Gastão Bolonhez/Forbes Brasil)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Achamos que nosso frequentador encara esta parada fácil...

Vinho rosé volta à mesa do consumidor brasileiro

Por causa da má qualidade dos rótulos disponíveis no mercado nos anos 70 e 80, muita gente ainda torce o nariz quando ouve falar em vinho rosé. Mas esse conceito vem mudando, seguindo uma tendência verificada na Europa e, mais recentemente, nos Estados Unidos. A cada dia são lançadas marcas nacionais e importadas de qualidade bem superior aos produtos do passado. A diferença está sendo notada pelo consumidor. A procura tem aumentado e as vinícolas nacionais apostam na ampliação da produção.

"Nos anos 70, os rosés foram associados aos consumidores que não entendiam nada de vinho", lembra o enólogo argentino Adolfo Lona, dono de uma pequena vinícola com o mesmo nome especializada em espumantes, em Garibaldi, na serra gaúcha. A bebida, na época, tinha versões adocicadas elaboradas a partir de cortes de vinhos tintos e brancos, que renderam a má fama ao produto. Nos anos 80, quando era diretor da então Martini&Rossi no Brasil, Lona comandou o lançamento de um espumante brut rosé, mas o estigma da cor levou o produto a pique três ou quatro anos depois.

Em 2004, dono da própria vinícola, o enólogo colocou no mercado um novo brut rosé, que hoje representa 60% das vendas de espumantes da empresa, estimadas em 36 mil garrafas neste ano, ante 25 mil unidades em 2006 e 23 mil em 2005. "Nos últimos anos o mundo começou a descobrir as virtudes do rosé", comenta. O produto tem características intermediárias entre o aroma, o corpo e o sabor dos tintos e a jovialidade e a leveza dos brancos. É elaborado a partir de castas de uvas tintas, como pinot noir, e sua coloração suave se deve à separação das cascas pouco tempo depois da prensagem.

"É um vinho leve, sedutor, perfeito para as características climáticas do Brasil", diz Flávio Morais, um dos sócios da Enoteca Decanter, de Belo Horizonte. "Trata-se de uma tendência que veio para ficar. Vamos vender bem inclusive no inverno", acrescenta.

Ele conta um episódio que ilustra bem as razões de seu otimismo. A Enoteca Decanter encomendou 600 garrafas de rosés para uma degustação de espumantes italianos Ferrari que promoveu recentemente na capital mineira. Só conseguiu garantir 120 - o fornecedor informou que não tinha como atender todos os pedidos do Brasil e estava limitando as compras por cliente. Para a festa propriamente dita, sobrou pouco das 120 garrafas da Enoteca, de R$ 170 cada. "Tivemos de esconder algumas para não vender todas antes do evento", destaca o empresário.

O presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), Dirceu Scottá, estima que em três anos os vinhos e espumantes rosés saltaram de uma participação praticamente nula, há três anos, para algo entre 5% e 10% das vendas totais de vinhos no país. Embora não existam estatísticas precisas sobre esse tipo de produto, segundo os cálculos do presidente da ABE, os brasileiros estão consumindo de 3,5 milhões de litros a 7 milhões de vinhos rosés por ano. Nos espumantes, o consumo está entre 600 mil a 1,2 milhão de litros.

Para o diretor da Vinícola Miolo, Adriano Miolo, os rosés estão se consolidando como novo hábito de consumo. No ano passado a empresa lançou e vendeu mais de 50 mil garrafas de vinho e quase 70 mil de espumantes neste segmento. Para 2007, o volume deve superar as 100 mil garrafas de cada um e até o fim do ano, a Miolo pretende lançar mais um vinho ou espumante rosé a partir das uvas cultivadas no Vale do São Francisco.

A Casa Valduga aposta nos rosés desde 2000, quando colocou no mercado um vinho elaborado com uvas San Giovese e Barbera, diz o diretor João Valduga. Com vendas de 12 mil garrafas por ano, o produto ainda representa 2,5% da comercialização de vinhos da vinícola, mas como cresce mais rapidamente do que os brancos e os tintos, deve atingir 10% de participação em quatro anos. O espumante rosé da marca saiu em 2002 e também tem desempenho superior ao das demais linhas.

A Salton decidiu entrar no segmento há três semanas com um espumante brut e não se arrepende. Segundo o diretor Daniel Salton, até agora já foram vendidas 8 mil garrafas e a previsão até dezembro é alcançar 63 mil. "Estudamos o mercado desde o ano passado, depois que percebemos uma procura muito forte por este tipo de produto no exterior", explica. Ainda neste ano a vinícola, que no ano passado vendeu um total de 2,5 milhões de litros de espumantes e 1,8 milhão de litros de vinhos brancos e tintos, pretende lançar também seu primeiro vinho rosé.

Mais experiente no trato com o produto, a Chandon lançou seu espumante rosé em 1998. De acordo com a empresa, a média de crescimento de suas vendas no segmento está ao redor de 30%. Um percentual que supera a taxa de expansão do mercado total de espumantes, que segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), cresceu 20% em 2006, para 12,2 milhões de litros, entre marcas nacionais e importadas. (Sérgio Bueno e Ivana Moreira/Valor Econômico)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Fim da consumação prejudica venda na "balada"

Cobrar consumação mínima de quem freqüenta bares e casas noturnas já era proibido por lei desde 1991, de acordo com o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor. Mas como a lei não "pegou", muitos estabelecimentos continuavam com a prática. No entanto, leis estaduais estão reforçando a proibição devido ao aumento dos acidentes automobilísticos no Brasil envolvendo jovens e bebidas - motivo, por sinal, que hoje está pautando a restrição das campanhas de cerveja. Foi o que aconteceu em São Paulo, principal mercado consumidor, com uma lei apresentada pelo deputado Turco Loco (PSDB) e que começou a vigorar em 2005, desestimulando o consumo de bebidas nas "baladas".

Segundo Sérgio Marques Jr., diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP), seccional São Paulo, quem mais perde com isso são os fabricantes de bebidas. "As casas noturnas cobravam consumação mínima para selecionar o seu público e agora, com a proibição, continuam mantendo quase o mesmo valor para a entrada, sem no entanto terem que oferecer a bebida", afirma Marques.

Com isso, a venda do produto - principalmente as bebidas destiladas, como vodca, que exigem desembolso maior do que as cervejas - diminui no chamado "ponto de dose". "Quem paga de R$ 40 a R$ 100 só para entrar em uma casa noturna não está tão disposto a consumir lá dentro", afirma o diretor da Abrasel-SP. "O pessoal faz um 'esquenta' em casa ou na loja de conveniência, o que sai mais barato". (DM/Valor)