Recife é um dos líderes do consumo de uísque no Brasil, mas o vinho começa a ganhar espaço. Mercado local se sofistica para atrair o novo público
Recife sempre foi conhecido por liderar o consumo de uísque no Brasil. Mas, ao lado da supremacia do precioso escocês, emergiu nos últimos anos o vinho na preferência do paladar pernambucano. Os restaurantes estão investindo mais na bebida de baco, com melhores cartas de vinhos e treinamento dos garçons. A indústria local também se beneficia desse movimento, já que na região do São Francisco sete vinícolas produzem 8 milhões de litros por ano.
“A venda de vinhos aumentou bastante e a de uísque lentamente. O vinho tem crescido bem mais”, analisa Maurício Dias, da Casa dos Frios. A cultura do vinho teve impulso com a introdução de produtos menos “nobres”, como o famoso vinho alemão da garrafa azul. Mas a tendência do bebedor de vinhos é experimentar e as opções são bem mais variadas do que as oferecidas para os bebedores de uísque. “O universo de vinhos é muito grande. Cada vez que se prova um dá vontade de conhecer outro. E há dezenas de uvas, regiões, safras, produtores”, reforça Dias.
Duas mil garrafas de vinho sendo vendidas a mais. Este é o cálculo que Julião Konrad faz da evolução da saída da bebida nas casas comandadas por ele, como o Spettus. “Hoje vendemos 4 mil garrafas por mês. Há quatro, cinco anos, era a metade disso”, afirma Konrad. Entretanto, as vendas do escocês não diminuíram. “O consumo de vinho cresceu sem o de uísque cair. A gente continua vendendo a mesma quantidade de uísque, mas bem mais vinho”, afirma. Tanto que no novo Spettus, que será inaugurado ao lado do Extra de Boa Viagem, a casa vai possuir uma adega com 5 mil garrafas. “Nossa carta de vinhos cresceu de forma proporcional ao consumo. Antigamente só tínhamos os nacionais e alguns importados”, diz Konrad. O novo Spettus terá 2 mil metros de área construída com capacidade para 400 lugares e “possivelmente a maior adega do Recife”, destaca Konrad.
O aumento do consumo de vinho tem raízes econômicas – oferta de produtos de melhor qualidade com preços mais baixos – e culturais. Países como Chile e Argentina passaram a exportar agressivamente sua produção, que também melhorou muito de qualidade nos últimos anos. E o vinho se tornou popular por causa dos seus alegados benefícios à saúde e toda uma indústria de marketing relacionado ao produto, que inclui programas de rádio, televisão, turismo e livros.
Todo esse movimento em torno do vinho trouxe uma mudança cultural. Se antes bebericar um bom escocês demonstrava alto prestígio, agora é a vez do vinho. “Beber vinho agora é chique. Deixou de ser apenas uma coisa de elite para ser consumido pela classe média”, diz Otávio Moraes, enófilo e professor de negócios do MBA Cedepe. Esse movimento do mercado está trazendo bons lucros para quem aposta no comércio da bebida. “Um aluno fez um trabalho sobre o consumo de vinhos e isso o motivou a abrir uma distribuidora, que está indo muito bem”, reforça Moraes, que também faz parte das confrarias Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (Sbav) e Dio Baco. “O vinho ainda tem a vantagem de ser elegante e servir ao romantismo”, afirma o professor.
E foi o romantismo que levou o empresário Sérgio Maurício de Sousa e Carla Faria a compartilharem uma garrafa de vinho. “Eu sou mais bebedor de uísque, mas estou me interessando mais por vinho. E para comemorar uma data especial a gente preferiu beber um vinho”, diz Sousa. “É uma bebida que desperta cada vez mais interesse e está sendo valorizada”, confirma Carla. (Renato Lima/Jornal do Commercio - PE)
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário