Luiz Américo Camargo*
Quem reclama que o Mercadão está em crise de identidade, já que os lugares para comer e beber têm, supostamente, feito mais sucesso do que a venda de produtos, deveria ver as coisas de outro ponto de vista. O mercado, na verdade, está mais vivo do que nunca.
Por conta das reformas, que aprofundaram sua vocação de ponto turístico, e da construção de um mezanino com bares e lanchonetes, o local atrai hoje o público mais diversificado de sua história. Jovens que nunca pisaram no centro agora vão ao Mercadão - sim, beber cerveja e comer sanduíches. Mas eles fazem parte da clientela do futuro. Um dia, depois de um pastel, um deles sairá com uma sacola de castanhas, e assim por diante.
Fosse o novo papel tão pernicioso, será que um mercado como o La Boquería, em Barcelona, onde se acha alguns dos melhores produtos da Espanha, já não teria banido suas boas comidas e promovido um levante contra os milhares de estrangeiros que passam por lá só para fazer uma boquinha? Outro ponto: quem vai aos boxes fazer compras chega cedo, em horários diferentes de quem aparece para almoçar ou fazer happy hour. As duas coisas podem coexistir.
As bancas mais badaladas têm esquemas de entrega, para cozinheiros ou clientes especiais - o que significa menos gente indo até lá. As feiras e supermercados melhoraram, e gigantes dos produtos finos, como a Casa Santa Luzia, já não cobram preços tão mais altos. É nesse novo panorama que os varejistas precisam se inserir.
Se é para reclamar de alguém, os comerciantes deveriam voltar suas baterias contra o péssimo esquema de estacionamento e de transporte coletivo, sem falar da segurança. É isso que afasta o consumidor. Sugiro o seguinte: para a selar a paz, vão todos juntos tomar um chope no mezanino.
*Luiz Américo Camargo é editor do caderno Paladar
Projeto vai revitalizar a área
O estacionamento é apontado como o principal gargalo atualmente no Mercadão. Segundo os comerciantes, a falta de vagas afasta os clientes que costumavam fazer grandes compras no local. Um novo projeto deve ser tocado ainda nesta gestão para revitalizar a região e ampliar as vagas de estacionamento. O secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, afirma que até o fim do ano serão implodidos o Edifício São Vito e o Viaduto Diário Popular. O Palácio das Indústrias deve virar um Museu da Criança, que vai explorar ciência e tecnologia. Uma passagem de nível sobre o Córrego Tamanduateí vai facilitar o acesso a pé entre o museu e o Mercadão. Os clientes do Mercadão poderão usar o amplo estacionamento do antigo Palácio das Indústrias.
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