segunda-feira, 21 de março de 2011

Mergulhadores encontram no Báltico champanhe mais antigo do mundo

Uma equipe de mergulhadores encontrou em meio aos restos de um navio no fundo do mar Báltico uma garrafa do que se acredita ser o mais antigo champanhe ainda consumível no mundo, um Veuve Clicquot que deve ter sido enviado por Luis XVI em 1780 à corte imperial russa.

A descoberta deste espumante bicentenário, que ainda tem efervescência no interior da garrafa e "um sabor fabuloso", segundo uma enóloga que o provou, ocorreu a 55 metros de profundidade na costa das ilhas Aaland, um arquipélago situado no meio do caminho entre a costa sueca e finlandesa.

"Estamos em contato com (o fabricante deste champanhe) Moët & Chandon e é 98% certo de que se trata de um Veuve Clicquot", declarou à France Presse Christian Ekström, chefe da equipe de mergulhadores que fez a descoberta.

"Há uma âncora na rolha e (a Moët & Chandon) me disse que é a única a ter utilizado esse emblema na região de Champagne" (Leste da França), explicou.

A descoberta foi feita em 6 de julho, mas a equipe a manteve em segredo até agora. Há ao menos em torno de 30 garrafas no fundo do mar Báltico, o que lhes permitiu passar dois séculos em condições de conservação ótimas: ausência de luz e temperatura fria constante.

"A visibilidade é muito ruim, de apenas um metro. Não conseguimos ver o nome do navio. Trouxemos uma das garrafas à tona para tentar encontrar alguma data", relatou Christian Ekström.

"Segundo nossos arquivos, a garrafa é dos anos 1780. Veuve Clicquot iniciou sua produção em 1772 e as primeiras colheitas foram fermentadas durante dez anos, então não deve ser de antes de 1782. Também não pode ter sido depois de 1788-1789, quando a Revolução Francesa paralisou a produção", declarou.

A garrafa, em bom estado, mas sem etiqueta, foi fabricada a mão e sobre a rolha está escrito "Juclar", dos lagos de Andorra, de onde deve provir a cortiça.

"O vinho é absolutamente fabuloso. Ainda há bolhas lindas e finas", explicou à France Presse Ella Grüssner Cromwell-Morgan, uma enóloga de Aaland a quem Ekström pediu que provasse a bebida depois da descoberta.

Se a data e a origem forem confirmadas, seria o champanhe mais antigo do mundo, um recorde que atualmente é da garrafa Perrier-Jouët de 1825, degustada no ano passado por alguns enólogos.

A especialista avaliou o preço mínimo de cada garrafa em US$ 68 mil. "Mas se for efetivamente o vinho de Luis XVI, poderão valer milhões", disse.

Na segunda-feira será realizada uma reunião com as autoridades locais de Aaland para decidir de quem será a propriedade da descoberta. O pequeno arquipélago de língua sueca, mas anexado pela Finlândia, tem um governo autônomo.

(DA FRANCE PRESSE, EM HELSINQUE)

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