sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Spam, enlatado de épocas de crise, volta a ser sucesso de vendas

(Gazeta Mercantil - 28.11.08)
A economia está em farrapos e, para milhões de pessoas, o futuro é incerto. Mas para alguns empregados aqui na fábrica da Hormel Foods, o momento nunca foi melhor. Eles estão trabalhando em um ritmo louco e acumulando todas as horas extras que quiserem.

Tais trabalhadores fabricam o Spam (um apresuntado em lata). Essa que talvez seja a comida icônica dos tempos difíceis na despensa americana.

Através da guerra e da recessão, os americanos se voltaram ao produto enlatado e brilhante da Hormel como uma maneira de economizar dinheiro, colocando na mesa algo que lembre carne. Agora, em um sinal dos tempos, isso está acontecendo novamente, e a Hormel está fabricando tanto Spam quanto seus trabalhadores conseguirem produzir.Em uma fábrica localizada ao lado da Interestadual 90, dois turnos de empregados têm feito Spam sete dias por semana desde julho, e foi dito a eles que o implacável ritmo de trabalho vai continuar indefinidamente.

O Spam, um retângulo gelatinoso de aproximadamente 340 gramas de presunto e carne de porco apimentados, pode estar entre as comidas mais mal faladas do mundo, rejeitado e considerado intragável pelas elites dos alimentos e espetado pelos comediantes que têm criado teorias espertalhonas a respeito do seu nome (um exemplo: algo que se faz passar por de carne, aproveitando as iniciais do nome em inglês).

Mas atualmente, os consumidores estão redescobrindo os alimentos relativamente baratos e o Spam está entre eles. A lata de Spam de aproximadamente 340 gramas, comercializada como "Gosto Louco", custa cerca de US$ 2,40. "As pessoas estão percebendo que não é um produto tão ruim", disse Dan Johnson, 55, que opera um forno de 21 metros para a fabricação de Spam.

A Hormel se negou a cooperar com este artigo, mas vários de seus empregados foram entrevistados aqui recentemente com a ajuda de seu sindicato, o United Food and Commercial Workers International Union Local 9. Jogados nas cadeiras no corredor do sindicato depois de fabricar 149,9 mil latas de Spam no turno do dia, vários trabalhadores veteranos disseram que já haviam passado por períodos de boom antes – mas nenhum como este.

O Spam "parece se dar bem quando chegam os tempos difíceis", disse Dan Bartel, agente do sindicato. "Vamos provavelmente ver linhas de Spam em vez de linhas de sopa".

Mesmo quando os consumidores estão reduzindo o consumo de todos os tipos de bens, o Spam está entre um grupo seleto de itens alimentícios econômicos que estão firmes nas vendas.

Misturas para fazer panquecas e batatas instantâneas estão explodindo, assim como as vitaminas, os conservantes de frutas e vegetais e a cerveja, de acordo com dados de outubro compilados pela Information Resources, uma empresa de pesquisa de mercado.

"Vimos um aumento de dois dígitos na venda de arroz e feijão", disse Teena Massingill, porta-voz da rede de supermercados Safeway. "Eles realmente satisfazem". A Kraft Foods disse recentemente que alguns de seus produtos econômicos como o macarrão e o queijo, o Jell-O e o Kool-Aid estavam tendo um grande crescimento. As vendas do Velveeta ainda estão crescendo, se é que não estão explodindo. O Velveeta é um produto da Kraft que lembra, de certa forma o queijo, assim como o Spam lembra o presunto.

O Spam tem um lugar especial na história culinária dos EUA, tanto com fonte de humor resistente e de proteína barata durante os tempos difíceis.

Inventado durante a Grande Depressão por Jay Hormel, filho do fundador da companhia, o Spam é uma combinação de presunto, carne de porco, açúcar, sal, água, fécula de batata e uma "pitada" de nitrato de sódio "para ajudar o Spam a manter sua maravilhosa cor rosa", de acordo com o site da Hormel.

Porque é fechado a vácuo em uma lata e não requer refrigeração, o Spam pode durar anos. A Hormel diz que é "como carne com um botão pause".

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Spam se tornou uma elemento principal para as tropas aliadas no exterior. Elas o introduziram aos residentes locais, e ele permanece popular em muitas partes do mundo onde as tropas ficaram estacionadas.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Andrew Martin The New York Times)

Humoristas e internautas imortalizaram o termo

O Spam criou um grupo bizarro de seguidores nos anos 70, graças principalmente ao Monty Python, a trupe de comediantes ingleses. Em uma paródia dos anos 70 um casal tentava pedir o café da manhã em um café que servia Spam em quase todos os pratos, como "Ovos, Spam, Salsicha e Spam". Os clientes tinham finalmente as vozes encobertas por um grupo de vickings que cantavam "Spam, amável Spam, maravilhoso Spam". (Familiarizados com o paródia, os pioneiros da internet rotularam os e-mails que não prestam de "spam" porque eles cobrem outro diálogo, de acordo com uma teoria.)

Aqui em Austin, autoridades locais têm tentado se beneficiar do status kitsch do Spam, mesmo se um odor evidentemente desagradável pairar sobre a cidade (um matadouro próximo da fábrica da Hormel abate 19 mil porcos de engorda). Austin se anuncia como a "Cidade do Spam", e se gaba dos 13 restaurantes com Spam no menu.

O Jerry''s Other Place vende um Spamburguer por US$ 6,29. O menu do "Spanarama" inclui ovos Benedict com Spam por US$ 7,35. No Steve''s Pizza, um Spam médio e uma pizza de abacaxi custam US$ 11,58. "Há todos os tipos de pessoas com um conexão emocional com o Spam", disse Gilbert "Gil" Gutknecht Jr., ex-congressista de Minnesota, que estava na loja de presentes no Spam Museum comprando uma gravata Spam, camisetas suéteres de malha de algodão e brincos. Gutknecht lembrou que um dia foi juiz em um concurso de receitas com Spam. "A melhor coisa são os brownies de Spam", disse, mais ou menos sério.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(NYT)

Um comentário:

dil disse...

I loved the post